Eleições 2024

Nova composição da Câmara de Porto Alegre ‘enxuga’ no número de partidos e terá renovação de 40%

Esquerda elegeu nomes expressivos da luta social, como Karen Santos, Pedro Ruas e Jonas Reis

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Câmara de Porto Alegre deu uma boa “enxugada” no número de partidos com assento na casa - Matheus Piccini/CMPA

A Câmara de Vereadores de Porto Alegre deu uma boa “enxugada” no número de partidos com assento na casa. Dos 18 partidos que estão ali agora, agora serão 13, quase 30% de redução de gastos com lideranças de bancadas, o que parece saudável. Além deste detalhe serão 35 vereadores e não mais 36, mas esta diminuição se deve à redução da população da Capital captada pelo Censo de 2022, uma exigência legal, prevista na Constituição.

Outro detalhe importante foi a renovação de nomes. Total de 40% de novos vereadores estarão lá a partir da posse em 2025. PT e Psol terão as maiores bancadas – cinco cada um. Na legislação que termina tinham quatro e ganharam um integrante a mais.

Os vereadores que decidiram não concorrer ou não conseguiram se reeleger abriram lugar para 14 novatos. O PT é o partido que mais elegeu estreantes: Alexandre Bublitz, Juliana Souza e Natasha. MDB, PP, Psol e Republicanos elegeram dois novatos cada. Foram para a suplência ou aposentadoria, nomes já conhecidos dos portoalegrenses, como Mônica Leal (PP), Biga Pereira (PCdoB), Lourdes Sprenger e Idenir Cecchim (MDB) e Adeli Sell (PT).

O PL conseguiu eleger quatro. Em seguida, com três, vêm PSDB, Republicanos, PP e MDB. O PL registrou o maior salto entre as legendas: conquistou uma cadeira na eleição passada, e agora avançou para quatro. Esse levantamento considera a distribuição de vagas no momento da divulgação dos resultados, sem levar em conta eventuais trocas de partido ocorridas ao longo da legislatura. O mais votado foi Jessé Sangalli do PL com 22.966 votos. Pedro Ruas, um combativo vereador do Psol, também merece destaque. Foi eleito pela sétima vez.

O sucesso de votos de Karen Santos

Karen Santos, do Psol, fez a segunda maior votação neste pleito com 20.207 votos. Ela entrou na Câmara em 2019, como suplente da hoje deputada Federal, Fernanda Melchiona. Em 2020, foi a vereadora mais votada com  15.702 votos, e integrou a chamada Bancada Negra

Grazi Oliveira, do Psol, fez 14.321 votos e é mais uma novidade da esquerda. É militante do movimento negro há duas décadas e professora de escola pública. É estudiosa de Educação Antirracista e mestre em Educação. Saiu da Cohab Cavalhada, na zona sul da Capital. Foi coordenadora do mandato do deputado estadual Matheus Gomes e pretende restabelecer a bancada negra na Câmara Municipal.

Jonas Reis, do PT, fez 8.235 votos e tem um currículo considerável: professor de música e pedagogo, vai para o segundo mandato como vereador. Já atuou na rede municipal e estadual de ensino. É mestre em Educação pela Ufrgs e doutor em Educação pela Unisinos. Foi diretor-geral do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa). É o atual líder da bancada do PT em Porto Alegre.

Alexandre Bublitz, PT, com 7.144 votos, é médico pediatra e conseguiu a primeira eleição. Natural de Santa Cruz do Sul, é formado pela Ufrgs e já trabalhou nas unidades de pronto atendimento da prefeitura de Porto Alegre e atuou em missões humanitárias na Nigéria, por meio da ONG Médicos Sem Fronteiras.

O PcdoB elegeu dois: Erick Dênil com 5.376 votos, líder comunitário; e Giovani Culau e Coletivo com 4.902 votos, cientista social, o único vereador assumidamente gay.

Natasha, do PT, com 4.718 votos, identifica-se como mulher travesti e, pelo Psol, ficou como suplente à vereança nas últimas eleições. 

Atena Roveda, também do Psol, elegeu-se com 4.260 votos. Foi a primeira mulher transexual a tomar posse na Câmara, em 2022, durante licença do vereador Márcio Bins Ely (PDT). Foi líder do PDT Diversidade e, em 2022, migrou para o Psol. Aos 33 anos, elege-se pela primeira vez como vereadora. É formada em filosofia e tem seis livros de poesia publicados.

O nome de urna mais esdrúxulo eleito é o do Coronel Ustra, do PL, com 2.669 votos. Primo do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado por tortura na ditadura militar, é estreante em eleições. Durante o governo Jair Bolsonaro, exerceu cargo no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). É tenente-coronel do Exército Brasileiro.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Vivian Virissimo