RAIO X

Partidos do centrão dominam prefeituras mineiras; PT e PSB conquistam pequeno avanço 

Veja como ficou o desempenho dos partidos na disputa pelas 853 prefeituras de Minas Gerais 

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Além de Belo Horizonte, só haverá segundo turno em mais uma cidade, Uberaba, no Triângulo Mineiro. - Alejandro Zambrana/Secom/TSE

A esquerda ficou de fora da eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte (MG) depois da realização do primeiro turno, no último domingo (6). Agora, os eleitores da capital mineira terão que escolher entre o bolsonarista Bruno Engler (PL) e o atual prefeito, candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD). O candidato do PT, Rogério Correia, ficou em 6º lugar, com pouco mais de 55 mil votos, o que representou cerca de 4% dos votos válidos.  

Das 13 cidades com mais de 200 mil habitantes no estado, além de Belo Horizonte, apenas Uberaba terá segundo turno, que será entre a candidata do PSD, Elisa Araújo, e o representante do MDB Tony Carlos.   

Embora na disputa pelo Executivo da capital a esquerda tenha ficado de fora, a bancada progressista na Câmara Municipal dobrou, passando de cinco para dez, dos 41 vereadores. O Partido dos Trabalhadores, que tinha duas vagas no Legislativo de BH, dobrou o número de cadeiras, e o Psol, ampliou de duas para três parlamentares, todas mulheres. As outras vagas são do PV e do PCdoB, que integram federação com o PT.  

Apesar dos resultados na capital, o PT levou duas importantes prefeituras do interior, já no primeiro turno. Marília Campos se reelegeu em Contagem, terceira maior cidade do estado, com 60% dos votos. E Margarida Salomão conseguiu a reeleição na quarta maior cidade mineira, Juiz de Fora, com cerca de 54% dos votos.  

Já em Montes Claros, Governador Valadares e Uberlândia, os candidatos do PT ficaram para trás. Em todas essas cidades, a direita ganhou as prefeituras já no primeiro turno. Em Betim, na região metropolitana de BH, as forças progressistas apoiaram o candidato do PV, Dr. Vinícios, que ficou em segundo lugar, dando a vitória para Heron Guimarães, do União Brasil, com 52% dos votos. Em Ribeirão das Neves, o candidato do PP, Túlio, ganhou as eleições com mais de 81%, contra 13% do candidato petista.  

Em Divinópolis, o bolsonarista Gleidson Azevedo, do Partido Novo, irmão do senador Cleitinho (Republicanos), levou o pleito com 71% dos votos, contra 28% da candidata do PSD, Laíz. Sete Lagoas também elegeu em primeiro turno o prefeito Douglas Melo, do PSD. E finalmente, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH, Paulo Bigodinho, do Avante, também se elegeu com mais de 50% dos votos.

O PSD, partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que é visto como favorito para disputar o governo estadual em 2026, foi o partido que conquistou mais prefeituras, 140 dos 853 municípios mineiros. Um crescimento de 79% em relação a  2020, quando o partido elegeu 78 prefeituras.  

Em seguida, o Republicanos elegeu prefeituras em 76 municípios, registrando o maior crescimento em relação a 2020, quando havia conseguido eleger apenas 41 prefeitos. Logo, vem o Progressistas, com 74, e o União Brasil, com 76.  

O MDB ficou com 67 prefeituras, e o PSDB com 56, e são os partidos que mais perderam o controle de Executivos municipais em Minas Gerais, com quedas de 30% e 33%, respectivamente.  

O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, ganhou em 49 cidades, nove a mais do que em 2020. E o PT tinha 26 prefeituras, conquistou mais quatro, chegando a 30 governos municipais em todo o estado. Já o PSB, do vice-presidente Geraldo Alkmin passou de 47 para 64 prefeituras mineiras.  

Já o Partido Novo, do governador Romeu Zema, ganhou em apenas nove municípios. Ainda assim o número representou um avanço para a agremiação que, em 2020, não elegeu nenhum candidato ao Executivo.  

Quem financia a disputa na capital? 

Em 27 de outubro próximo, os belo-horizontinos vão ter que escolher entre reeleger o atual prefeito Fuad Noman, que teve 26% dos votos no primeiro turno, e Bruno Engler, que liderou a primeira votação com 34%. Mas quem são eles e quem os financia? 

Fuad Noman governa a capital mineira desde 2022, quando Alexandre Kalil, de quem era vice, renunciou à Prefeitura de Belo Horizonte para concorrer ao governo estadual. Ele tem 77 anos, é empresário, e tem como vice o ex-vereador Álvaro Damião, do União Brasil. A chapa, apoiada por uma coligação de oito partidos, recebeu R$ 19,8 milhões entre recursos de fundo eleitoral e doações, e teve R$ 15,9 milhões em despesas.  


Bruno Engler (à esquerda), candidato do PL, e o atual prefeito Fuad Noman (à direita), do PSD, disputarão o segundo turno na capital mineira / Facebook Bruno Engler/Instagram Fuad Noman

Os maiores recebedores de recursos da campanha de Noman foi a agência de publicidade Camp2024 Comunicação SPE LTDA, que recebeu um total de R$ 5 milhões, seguido da D24 Comunicação SPE LTDA, para a qual foram pagos R$ 3 milhões. Noman gastou cerca de R$ 404 mil em impulsionamentos de conteúdo no Facebook, empresa que recebeu a maior quantidade de recursos gerais da campanha de 2024, superando os R$ 94 milhões. 

Dos mais de R$ 19 milhões de recursos no caixa da campanha, cerca de R$ 13,5 milhões foi oriundo do fundo partidário, e pouco mais de R$ 6 milhões em doações. O maior doador da campanha de Noman em Belo Horizonte foi o empresário do agronegócio, Rubens Ometto, dono da Cosan, empresa de energia, que aportou R$ 2 milhões à campanha do candidato do PSD.  

Fuad Noman recebeu 27 doações de R$ 5 mil e outras dez de R$ 6 mil. O dono da rede Supermercados BH e do Cruzeiro, time de futebol, Pedro Lourenço, doou R$ 100 mil. O mesmo valor foi depositado na conta da campanha do candidato do PSD por outro sócio dos Supermercados BH, Bruno Santos de Oliveira e pelo empresário Fabiano Lopes Ferreira, dono da rede de concessionárias Multimarcas. Fuad também recebeu R$ 350 mil de Ricardo Annes Guimarães, presidente do BMG e presidente do Conselho Deliberativo do Atlético Mineiro, e outros R$ 500 mil do dono da Rádio Itatiaia, da CNN e da MRV Engenharia, Rubens Menin. 

Os sócios da MRV Engenharia doaram também para o candidato do PL, Bruno Engler. Ele recebeu R$ 40 mil de Maria Fernanda Nazareth Menin Teixeira de Souza Maia, integrante do Conselho Administrativo da construtora. Outros R$ 290 mil foram doados pelo CEO da MRV, Eduardo Fishcer Teixeira de Souza. 

Quem também decidiu investir nas duas candidaturas que disputarão o segundo turno em BH foi o presidente do BMG e presidente do Conselho Deliberativo do Atlético Mineiro, Ricardo Annes Guimarães, que doou R$ 333 mil a Bruno Engler e R$ 350 mil para Fuad Noman.  

Bruno Engler é deputado estadual, tem 27 anos, e natural de Curitiba (PR). Tem como vice a Coronel Cláudia, também do Partido Liberal. Além do PL, ele é apoiado pelo Progressistas. O bolsonarista recebeu um total R$ 16,2 milhões, sendo R$ 15 milhões do fundo eleitoral e pouco mais de R$ 1 milhão em doações, com um gasto total de R$ 14,3 milhões. Os maiores recebedores dos recursos de campanha foram a empresa Oro Digital LTDA, que oferece serviços de planejamento e manutenção de páginas eletrônica, por um valor de R$ 2,4 milhões; e o Facebook, que recebeu R$ 1,167 milhão em recursos para impulsionamento de conteúdo.  

Edição: Martina Medina