Justamente em São Paulo, município onde foi fundado em 1988, o PSDB não elegeu vereadores para a Câmara Municipal pela primeira vez em sua história. Mais que isso, com José Luiz Datena como candidato à prefeitura da capital paulista, os tucanos tiveram o pior resultado de sua história, com apenas 112.344 votos, ou 1,84% do total.
Também pela primeira vez em sua história, o PSDB não governará nenhuma das 26 capitais brasileiras. No ano de sua fundação, os tucanos já conseguiram vencer a Prefeitura de Belo Horizonte (MG).
O auge foi em 2016, na esteira do protagonismo do partido no processe de golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), quando os tucanos conseguiram vencer em sete capitais: São Paulo (SP), Teresina (PI), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Belém (PA), Maceió (AL) e Porto Velho (RO).
Na última eleição municipal, em 2020, o PSDB elegeu o prefeito de quatro capitais: São Paulo (SP), Natal (RN), Porto Velho (RO) e Palmas (TO). Maior município do país, a capital paulista foi governada em três oportunidades pelos tucanos: 2004, 2016 e 2020.
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Neste ano, o PSDB governará 269 dos 5.569 municípios do país. Em 2020, o partido venceu a eleição em 523, uma queda de 48%. Dos 52 municípios que terão segundo turno neste ano, os tucanos disputarão a prefeitura em apenas cinco: Ponta Grossa (PR), Paulista (PE), Piracicaba (SP), Caxias do Sul (RS) e Santa Maria (RS).
Em Ponta Grossa, Paulista e Piracicaba, os candidatos Mabel Canto, Ramos e Barjas Negri passaram em primeiro para o segundo turno. Já em Caxias do Sul e Santa Maria, a situação do partido é mais complicada, pois Adilió e Rodrigo Decimo estão em desvantagem.
Desempenho do PSDB em São Paulo | ||||
Ano | Candidato | Porcentagem | Votos | Eleito? |
1988 | José Serra | 6,89% | 287.345 | Não |
1992 | Fábio Feldman | 5,83 | 243.097 | Não |
1996 | José Serra | 15,57% | 819.995 | Não |
2000 | Geraldo Alckmin | 17,26% | 952.890 | Não |
2004 | José Serra | 43,56% | 2.686.396 | Sim |
2008 | Geraldo Alckmin | 22,48% | 1.431.670 | Não |
2012 | José Serra | 30,75% | 1.776.317 | Não |
2016 | João Doria | 53,29% | 2.085.187 | Sim |
2020 | Bruno Covas | 32,85% | 1.754.013 | Sim |
2024 | José Datena | 1,84% | 112.334 | Não |
Ocaso
Para o cientista político Rudá Ricci, “o PSDB que existia morreu”. “Eles perderam identidade, não sabemos mais se é social-democrata, liberal ou conservador. Não tem como saber o que é esse partido. Que ele perdeu espaço também não há dúvida.”
Ciente de sua baixa relevância, o PSDB começou a discutir seu futuro antes mesmo das eleições de 2024. Os tucanos querem construir uma federação com o PDT e o Solidariedade e já há uma reunião agendada entre as direções das legendas para novembro deste ano.
Caso o acordo avance, o PSDB e o Cidadania, que já formam uma federação, se aliariam a PDT e Solidariedade e teriam a obrigatoriedade de construir palanques conjuntos para as eleições de 2026, nos estados e na disputa nacional, para a presidência da República.
Para Ricci, os tucanos podem ter que procurar legendas menores. “No mercado político ele [PSDB] perdeu importância. Quem gostaria de se fundir com o PSDB nesse ocaso? O preço desse partido é muito pequeno neste momento e está em queda.”
Por fim, o cientista político lembra que “o PSDB estava entre os três maiores partidos do país, eles comandavam a agenda do país, com Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Mário Covas. O PSDB não é mais isso aí, ele não pauta mais o país, e tudo começou com o Aécio Neves em 2014. Ao questionar a eleição e todo o sistema político brasileiro, o Aécio Neves não tinha ideia do que estava fazendo.”
Em 2014, após perder a eleição presidencial para Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves, que era candidato ao cargo pelo PSDB, lançou dúvidas sobre o processo eleitoral e duvidou do resultado expresso nas urnas.
Em 2021, em nota oficial, o partido rechaçou a possibilidade de fraude na condução de Rousseff à presidência. “O PSDB considera as eleições de 2014 limpas e confia nas urnas eletrônicas. Estará sempre na defesa da democracia.”
Edição: Nathallia Fonseca