A escola como espaço privilegiado e primordial de construção e expressão das culturas das infâncias, deve ser um espaço de brincadeira e alegria todo dia. Todo dia!
Malaguzzi, educador italiano, já dizia, "a criança é feita de cem, mas roubaram-lhe noventa e nove".
Roubaram-lhe e, numa tentativa de diversão, padronizam todo mundo em "penteados, roupas e mochilas malucas". Só mais sobrecarga sobre mães já sobrecarregadas.
Semana da Criança em escolas das infâncias não soa, no mínimo, como uma grande contradição? Não é "semana da criança" o ano todo?
As redes sociais foram nesta semana, pulverizadas por inúmeros tipos de "cabelo maluco", "roupa maluca", "mochila maluca" e isso me faz pensar num inquietante esvaziamento pedagógico.
Escola é – ou deveria ser – espaço de intenção. Que a gente não se renda a uma corrida silenciosa de criatividade artificial que se esvazia num penteado ou numa mochila que compete para ser "mais maluca". Na escola os compromissos devem ser outros: éticos, estéticos e políticos.
Em nossa sociedade, onde as mulheres são as principais responsáveis pelo cuidado, são elas que, em sua maioria, lidam com as demandas ligadas às crianças. Quando consideramos situações de vulnerabilidade social, precisamos de ainda mais cuidado e sensibilidade. Será que esse tipo de proposta se encaixa no tempo e no orçamento de todas as famílias? Deixem as mães descansarem.
Além disso, professoras e professores não são recreadores. Tirem esse ar de casa de festa de shopping de dentro dos espaços educativos. Deixem as infâncias pulsarem todos os dias do ano.
As brincadeiras e a alegria devem ter espaço dentro da escola todo dia. Todo dia.
*Eliza Holanda é pedagoga, pós graduada em coordenação pedagógica e coordenadora pedagógica da Educação Infantil da Escola da Árvore. Sobretudo, é também Educadora, por decreto irrevogável, das crianças.
**Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato DF.
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Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Márcia Silva