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Nunes culpa ventos fortes e Enel pelo apagão em São Paulo; em 2023, prefeito teve atuação criticada por ir à Fórmula 1

Cidade vive repetição de caos generalizado de novembro de 2023, em que 4 milhões de residências ficaram sem energia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Com colete da Defesa Civil, prefeito da capital postou vídeos em que aparece visitando pontos afetados - Reprodução/Instagram Ricardo Nunes

A tempestade que atingiu o estado de São Paulo deixou a região metropolitana da capital às escuras nesta sexta-feira (11). Cerca de 2,1 milhões de pessoas ficaram sem energia, e, até a tarde deste sábado (12), mais de 1,6 milhão de residências seguiam sem eletricidade. 

Em campanha pela reeleição, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), publicou uma série de vídeos no Instagram em que aparece visitando pontos afetados. Neles, ele ressalta a velocidade dos ventos que afetaram a cidade – que chegaram a mais de 100 km/h – e responsabiliza a Enel, concessionária de energia que atende a região. 

No mesmo perfil, não há referência ao trabalho de gestão das árvores da cidade e de zeladoria, ações que poderiam diminuir o impacto da tempestade. Em um dos vídeos, o próprio Nunes afirma que há registro de 221 ocorrências de queda de árvores e galhos, além de 137 semáforos apagados.

Apesar de existir um alerta da Defesa Civil para tempestades com intensas rajadas de vento para a região, os canais oficiais da prefeitura de São Paulo não informaram a população sobre a situação. Não havia, tampouco, registro de preparo da cidade para o temporal.

Reprise

O episódio evocou lembranças do apagão histórico de novembro de 2023, em que 4 milhões residências ficaram sem energia em 23 municípios. Cerca de 14 mil casas ficaram sem atendimento por até seis dias, a maior parte na periferia da capital.

À época, a Enel, concessionária que opera o serviço de energia na capital paulista, foi considerada a grande culpada. O apagão gerou investigações e até uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara dos Vereadores de São Paulo, cujo relatório final pediu o fim da concessão do serviço para a empresa.

Naquele novembro, Ricardo Nunes ignorou o apagão e esteve presente em dois eventos esportivos: no dia 4 de novembro, visitou o camarote do UFC São Paulo, competição de MMA realizada no ginásio do Ibirapuera. No dia seguinte, foi ao camarote da Fórmula 1, no autódromo de Interlagos.

Esse fato foi explorado por Guilherme Boulos (Psol) no debate entre os candidatos à prefeitura paulistana realizado pela TV Record no dia 29 de setembro. "Um prefeito que não tem compaixão, que não é capaz de sentir no fundo da alma a dor, não pode ser prefeito, ainda mais de São Paulo. Ali, Nunes, você deixou claro é que você não tem compromisso com o povo de São Paulo." , disse Boulos.

O psolista também fez, entre essa sexta-feira e esse sábado, diversas postagens em suas redes mostrando a situação do Campo Limpo, bairro onde mora, após o temporal. 

Resposta da prefeitura

Em nota enviada à reportagem neste domingo (13), a prefeitura da capital paulista afirmou que "coordena importantes ações no manejo de árvores na cidade", e que nesta ano podou 465 árvores por dia.

"Ainda sobre o manejo de árvores, é importante ressaltar que para ações que envolvem a retirada de galhos em contato com a fiação elétrica, as equipes municipais dependem da atuação da ENEL. Nesse sentido,  atualmente, a cidade tem 6081 solicitações pendentes, um aumento de 69% em relação a novembro do ano passado", continua a nota.

A prefeitura ainda afirma que o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), órgão oficial de monitoramento e previsão do tempo do município, mantém o site oficial (www.cgesp.org) alimentado por atualizações constantes. Desde a última quarta-feira (9), existem postagens com a previsão de chuva forte, com potencial para rajadas de vento na tarde e noite da sexta-feira (11).

Edição: Thalita Pires