O Nobel de Economia de 2024 foi anunciado nesta segunda-feira (14) ao turco-estadunidense Daron Acemoglu e aos britânico-estadunidenses Simon Johnson e James A. Robinson por suas pesquisas sobre as instituições e como afetam a prosperidade das nações.
Os pesquisadores, que trabalham nos Estados Unidos, foram premiados "por seus estudos sobre como as instituições são formadas e como afetam a prosperidade", afirmou a organização em comunicado.
"Reduzir as enormes diferenças de renda entre países é um dos maiores desafios do nosso tempo. Os vencedores mostraram a importância das instituições para alcançar o objetivo", declarou Jakob Svensson, presidente do Comitê do Prêmio em Ciências Econômicas.
"Com o estudo dos diferentes sistemas políticos e econômicos introduzidos pelos colonizadores europeus em grande parte do mundo, os três acadêmicos demonstraram uma relação entre instituições e prosperidade", destacou o comitê.
"Embora os países mais pobres estejam cada vez mais ricos, não conseguem reduzir a diferença", declarou Jan Teorell, membro do comitê, em uma entrevista coletiva.
"Acemoglu, Johnson e Robinson demonstraram que grande parte da desigualdade de renda se deve às diferenças nas instituições econômicas e políticas da sociedade", acrescentou.
"Uma grande parte desta pobreza é infelizmente o resultado de antigos acordos institucionais no plano político e econômico. Portanto, há obstáculos muito importantes para superar", declarou o premiado Simon Johnson, em entrevista à Fundação Nobel.
Acemoglu, de 57 anos, é professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), assim como Johnson de 61 anos. Robinson tem 64 anos e é professor da Universidade de Chicago.
"Sistemas inclusivos"
Na justificativa do prêmio, o júri citou o exemplo de Nogales, cidade dividida pela fronteira entre Estados Unidos e México, onde os residentes do lado estadunidense da cidade tendem a viver em melhores condições em comparação com o município do lado mexicano.
"O sistema econômico estadunidense oferece aos habitantes ao norte da fronteira maiores oportunidades de escolha em sua educação e profissão, e eles fazem parte do sistema político dos EUA, o que confere amplos direitos políticos", explicou o júri.
"Porém, ao sul da fronteira, os habitantes vivem em outras condições econômicas e o sistema político limita suas possibilidades de influenciar a legislação", acrescenta a nota. "A diferença decisiva não é a geografia ou a cultura, e sim as instituições", afirmou a Real Academia Sueca de Ciências.
Segundo a Academia, as diferenças entre as nações podem ter origem nas instituições criadas pelas potências coloniais. "Em algumas colônias, o objetivo era explorar a população indígena e extrair recursos naturais em benefício dos colonizadores". Em outras, as potências coloniais "construíram sistemas políticos e econômicos inclusivos, que criariam benefícios a longo prazo para todos".
Apenas uma mulher premiada
O prêmio de Economia fecha a temporada Nobel de 2024, que destacou os avanços na Inteligência Artificial com os prêmios de Física e Química. O mais famoso, o Nobel da Paz, foi atribuído à organização japonesa Nihon Hidankyo, que reúne sobreviventes dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki em 1945, "por seus esforços a favor de um mundo sem armas nucleares".
A sul-coreana Han Kang se tornou a primeira asiática a vencer o Prêmio Nobel de Literatura. Também foi a única mulher premiada este ano. O Nobel de Medicina premiou descobertas na compreensão da regulação genética. O prêmio inclui uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões). As condecorações serão entregues em duas cerimônias, em Estocolmo e Oslo, no dia 10 de dezembro.
*Com AFP
Edição: Rodrigo Durão Coelho