A Caixa Econômica Federal anunciou nesta terça-feira (15) mudanças nas regras de concessão de financiamentos para compra de imóveis de até R$ 1,5 milhão. As mudanças vão, na prática, dificultar a aquisição de casas ou apartamentos. Elas entrarão em vigor a partir de 1º de novembro.
Pelas novas regras, a Caixa vai exigir um valor maior de entrada dos interessados em financiar um imóvel. Em determinados casos, a entrada mínima passará de 20% para 30% do valor imóvel. Em outros casos, de 30% para 50%.
Essas alterações se aplicam apenas para novas operações de compra ou construção individual. Unidades em empreendimentos já financiados pelo banco e propriedades já adquiridas manterão as condições atuais.
As mudanças são motivadas pelo aumento na demanda por imóveis e pelo aumento dos saques da poupança, fonte dos recursos dos empréstimos.
A Caixa, que detém cerca de 70% do mercado de crédito imobiliário, prevê que sua carteira de crédito habitacional superará o orçamento aprovado para 2024. Até setembro, o banco concedeu R$ 175 bilhões em crédito imobiliário, um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período de 2023, totalizando 627 mil financiamentos.
Ao mesmo tempo, o volume de recursos depositados em poupança vem caindo. A Caixa e outros bancos precisam destinar 65% do saldo das cadernetas em empréstimos para compra da casa própria. Com menos recursos depositados, menos recursos disponíveis para financiamento.
Segundo o Banco Central (BC), o saldo total das poupanças no Brasil caiu R$ 7,1 bilhões em setembro. Foi o terceiro mês seguido de retiradas.
“Isso tem a ver com a Selic em alta, o que aumenta a rentabilidade dos fundos de renda fixa frente à poupança. As pessoas colocam dinheiro na poupança, vão pros fundos”, explicou Miguel de Oliveira, diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), lembrando que o BC aumentou a Selic de 10,5% ao ano para 10,75% ao ano no mês passado.
Oliveira reforçou que as mudanças promovidas pela Caixa vão dificultar o acesso à casa própria. “Ao exigir uma entrada maior, vai se restringindo os financiamentos”, disse. “Pessoas que contavam com um empréstimo maior, estão agora limitadas".
Edição: Nathallia Fonseca