ORIENTE MÉDIO

Hezbollah diz que paz com Israel depende de trégua em Gaza; grupo libanês ameaça ataques 'por todo Israel'

Um dos líderes do grupo libanês declarou, nesta terça-feira (15), que sem trégua, o Hezbollah continuará atacando Israel

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O número dois do Hezbollah, Naim Qassem, durante discurso no sistema de televisão do grupo, o Al-Manar - AFP PHOTO/HO/AL-MANAR

O número dois do Hezbollah, Naim Qasem, disse nesta terça-feira (15) aos israelenses que a paz em Israel depende de um cessar-fogo em Gaza. Qasem declarou que, sem uma trégua no genocídio cometido contra palestinos, o grupo continuará a realizar ataques por todo Israel. 

"Uma vez que o inimigo israelense atacou todo o Líbano, temos o direito, a partir de uma posição defensiva, de atacar qualquer lugar" de Israel, "seja o centro, o norte ou o sul", disse Qasem em um discurso transmitido pela rede da formação xiita.

"É um direito legítimo dos palestinos e de todos os que estão com eles, e nem o Líbano, nem a região podem ser separados da Palestina", acrescentou Qassem, referindo-se ao ataque de 7 de outubro do ano passado cometido pelo Hamas. Ele também acusou Israel de alvejar tropas libanesas e capacetes azuis da ONU, a Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano).

"Vamos atacar o [exército] inimigo, seus centros de presença e seus quartéis. A solução é um cessar-fogo, e não falaremos em uma posição de fraqueza, [...] a resistência [Hezbollah] não será derrotada porque esta é sua terra", finalizou Qassem.

Ameaças de novos ataques

Ainda nesta terça, o Hezbollah ameaçou realizar ataques em "todo" Israel, enquanto o país do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu intensifica os bombardeios no Líbano.

Após quase um ano de troca de disparos com o Hezbollah na fronteira com o Líbano e após debilitar o Hamas na Faixa de Gaza, o exército israelense iniciou em 23 de setembro uma intensa campanha de bombardeios aéreos contra redutos do grupo xiita e lançou uma ofensiva terrestre no sul do país vizinho uma semana depois.

Israel alega que objetivo é afastar o Hezbollah das regiões fronteiriças entre Líbano e Israel para acabar com o lançamento de foguetes o que permitiria que cerca de 60 mil israelenses deslocados possam retornar para casa.

Até o momento, os bombardeios de Israel mataram mais de 1,5 mil pessoas e deixaram cerca de 4,5 mil feridas. A ONU também relatou quase 700 mil deslocados.

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, declarou nesta terça-feira à agência de notícias AFP que Israel está realizando "breves incursões" no sul de seu país e acrescentou que o Líbano está disposto a reforçar as tropas nesta região, caso ocorra "um cessar-fogo".

Mikati também informou que seu governo reforçou as medidas de segurança no aeroporto internacional de Beirute para "eliminar qualquer pretexto" para um ataque israelense.

O exército israelense acusa o Irã de tentar fornecer armas ao Hezbollah através do aeroporto da capital libanesa e afirmou que impediria tais tentativas. As autoridades libanesas negaram as acusações.

Uma noite violenta

Israel lançou, na noite desta terça, vários ataques no sul do Líbano e na região do Bekaa (leste do país), onde um hospital na cidade de Baalbeck ficou fora de operação, segundo a agência oficial de notícias libanesa ANI.

"Foi uma noite violenta em Baalbeck, não vivíamos uma [noite] como esta desde a guerra de 2006" entre Israel e Hezbollah, disse Nidal al Solh, de 50 anos.

Além disso, a ONU pediu a investigação de um bombardeio israelense ocorrido na segunda-feira (14) no vilarejo cristão de Aito, no norte do Líbano, que deixou 22 mortos, incluindo 12 mulheres e duas crianças, segundo números da entidade.

No total, os bombardeios israelenses de segunda-feira no Líbano causaram 41 mortos e 124 feridos, segundo o Ministério da Saúde libanês.

No sul do país, a força de manutenção da paz da ONU, Unifil, decidiu manter suas posições, apesar dos disparos do Exército israelense e de um pedido de Netanyahu para evacuar a área.

O Hezbollah indicou nesta terça-feira que disparou foguetes contra Haifa e outras regiões do norte de Israel e relatou combates com soldados "infiltrados" no sul do Líbano.

*Com AFP e Memo

Edição: Rodrigo Durão Coelho