Durante a paralisação de atividades na quinta-feira (17), trabalhadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realizaram atos em todo o país. Em Brasília, os empregados protestaram com faixas em frente ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
“A paralisação nacional de hoje é para mostrar para a empresa a insatisfação dos empregados com o tratamento que tem sido dispensado a eles, o tratamento que tem sido dado ao seu acordo coletivo, que é uma das ferramentas mais nobres de relação de trabalho já construídas”, afirmou Lucas Ednei, presidente da seção sindical Cerrados do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf).
A principal reivindicação da categoria é que a empresa volte à mesa de negociação. A Embrapa encerrou a negociação no final de setembro, quando o Sinpaf recusou a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2024/2026 apresentada pela empresa. Isso “fecha, para a Empresa, os caminhos de negociação com o Governo Federal", disse a Embrapa em nota enviada ao Brasil de Fato DF.
A proposta recusada pelo Sindicato previa um reajuste salarial e de benefícios, como auxílio-alimentação e auxílio-creche, de 2,58% para 2024, valor abaixo da inflação, e de 100% da inflação para 2025. O valor foi considerado insuficiente para repor a perda salarial de 16,24% desde 2018, índice calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Após a manifestação em frente ao Mapa, o Sindicato foi recebido por representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR), no Palácio do Planalto.
Os sindicalizados apresentaram suas insatisfações com a postura da Embrapa de encerrar mesa de negociação e enfatizaram outras demandas, como a proteção contra assédio moral e sexual dentro da empresa, a garantia de licença maternidade e paternidade e do direito das gestantes e lactantes, e a garantia do benefício para empregados com filhos ou dependentes com deficiência.
Outra insatisfação da categoria é o não acolhimento, por parte da Empresa, da demanda de pagamento por Adicional de Escolaridade para Técnicos e Assistentes. “A Embrapa tem dois pesos e duas medidas, cargos de analistas e de pesquisadores têm prerrogativas que o técnico e o assistente não têm. Então a gente está lutando por isso, pela valorização da educação, do aumento de conhecimento que o técnico e o assistente sozinhos, sem a ajuda da Embrapa, procura para poder ajudar na melhora do seu trabalho dentro da Embrapa. A Embrapa usufrui disso e não reconhece”, defendeu Jussara Flores, da Embrapa Cerrados.
Segundo o Sinpaf, em resposta, os assessores da Presidência se comprometeram a facilitar a interlocução entre a Embrapa e o Mapa, visando a retomada das negociações coletivas.
“Demonstramos nossa insatisfação com o modo intransigente da gestão da empresa em encerrar uma negociação, sem ao menos deixar espaço para uma contraproposta por parte do sindicato. Não aguentamos mais acumular tantos anos de perdas. A paralisação foi um desabafo da categoria e outros tipos de movimentos podem ser deflagrados caso a empresa não atenda o apelo dos trabalhadores e volte a negociar”, declarou Antônio Marcos Santos, diretor de comunicação e da regional Nordeste do Sinpaf.
Atos por todo o Brasil
Além de em Brasília, os trabalhadores da Embrapa realizaram atos em outras regiões do Brasil, inclusive com distribuição de alimentos como forma de protesto.
No Pará, foi distribuída uma tonelada de bananas, enquanto em Pelotas (RS) os trabalhadores distribuíram morangos. Já em Teresina (PI), foram distribuídos abacaxis. Ações semelhantes ocorreram em Aracaju (SE), Campinas (SP), Jaguariúna (SP), Cruz das Almas (BA) e em cidades da região do Pantanal. Segundo o Sindicato, a distribuição foi uma forma de reforçar “o papel crucial dos/das trabalhadores/as da Embrapa na pesquisa agropecuária, na produção de alimentos e no combate à fome no Brasil”.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino