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Morte de líder do Hamas por Israel 'vai torná-lo um mártir' do movimento, diz analista

Anunciada pelo governo israelense na quinta-feira (17), a morte de Sinwar foi confirmada pelo Hamas nesta sexta

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Um jovem palestino segura um retrato do líder assassinado do Hamas, Yahya Sinwar, durante uma manifestação em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em 18 de outubro de 2024 - JOHN WESSELS / AFP

A morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, durante uma operação militar de Israel na Faixa de Gaza, representa uma vitória tática, mas não estratégica para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Essa é a avaliação de Mohammed Nadir, coordenador do Laboratório de Estudos Árabes da UFABC..

"A morte do Sinwar no campo da batalha vai torná-lo um mártir junto do movimento Hamas e seus adeptos. Agora é momento de chegar a um acordo para por fim a esta guerra inútil" afirmou Nadir ao Brasil de Fato.

Mas o analista se mostra cético sobre isso. "Tenho dúvidas se Natanyahu vai querer parar a guerra porque isso significa a morte política dele por conta do processos judiciais", completou ele. Anunciada pelo governo israelense na quinta-feira (17), a morte de Sinwar foi confirmada pelo Hamas nesta sexta (18).

"Choramos a morte do grande líder, o irmão mártir Yahya Sinwar, Abu Ibrahim", declarou Khalil al Hayya, um dirigente do Hamas que mora no Catar, em um vídeo exibido pelo canal Al Jazeera, onde afirma que a morte do líder do Hamas só fortalecerá o movimento. 

"Parece que Israel pensa que matar nossos líderes significa o fim de nosso movimento e da luta do povo palestino", declarou à AFP Basem Naim, membro do gabinete político do movimento."O Hamas é um movimento liderado por pessoas que buscam a liberdade e a dignidade, e isso não pode ser eliminado", acrescentou.

Hayya alertou que o Hamas não libertará os reféns até que Israel ponha fim à guerra, se retire do território palestino e solte os palestinos presos. Os reféns não ficarão livres "a menos que termine a agressão contra o nosso povo, aconteça uma retirada completa, e nossos heroicos prisioneiros saiam das prisões da ocupação", acrescentou. 

Dos 251 reféns tomados pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023, 97 permanecem em Gaza, incluindo 34 que o Exército israelense declarou como mortos.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu ao Hamas que liberte os reféns. "Quem depuser as armas e entregar nossos reféns, permitiremos que continuem vivos", declarou. 

O chefe da diplomacia israelense, Israel Katz, afirmou que a morte de Sinwar "cria uma oportunidade para a libertação imediata dos reféns e abre caminho para uma mudança que conduza a uma nova realidade em Gaza". 

A vice-presiente dos Estados Unidos e candidata democrata para as eleições de novembro no país, Kamala Harris considerou que a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, é uma "oportunidade para acabar" com a guerra em Gaza. 

Esta guerra "deve terminar de tal forma que Israel esteja em segurança, os reféns sejam libertados e o sofrimento em Gaza termine, e o povo palestino possa exercer o seu direito à dignidade, segurança, liberdade e autodeterminação", afirmou. .Mas no dia anterior o premiê israelense descartou encerrar o massacre palestino com o assassinato de Sinwar.

O seu rival republicano, o ex-presidente Trump, ainda não reagiu à morte do líder do Hamas. 

Edição: Leandro Melito