Para democratizar o acesso ao cinema nacional e a difusão de curtas-metragens produzidos tanto em Minas Gerais quanto em outros estados brasileiros, a Plataforma Cardume inaugurou uma sala de cinema dentro da Rodoviária de Belo Horizonte, com uma programação totalmente gratuita.
Chamado de Cine Cardume Rodoviária, o projeto inédito ocupa, desde o dia 27 de setembro, o mezanino, localizado no 2º piso do espaço público. As exibições acontecem às sextas-feiras, em horários alternados, entre 18h30 e 21h30.
Daniel Jaber, um dos idealizadores da proposta, lembra que, estrategicamente, a exibição de curtas-metragens serve para enquadrar no tempo de espera dos passageiros. Mas mais do que isso, o destaque fica na abrangência temática que o formato possibilita.
“Esses filmes tratam de temas urgentes, que são necessários para que a população consiga se identificar e ter um momento de entretenimento. Essa iniciativa foi construída no sentido de fazer com que os curtas-metragens encontrem as pessoas e as pessoas encontrem os curtas e, automaticamente, encontrem o cinema brasileiro”, avalia o produtor, que também é sócio da Plataforma Cardume, um serviço de streaming de curtas brasileiros.
Na programação de outubro, estão sendo exibidos os filmes “Angela”, de Marília Nogueira; “De deu em déu, dois ao léu”, de Guilherme Pam e Jeanne Kieffer; “Bicho do Mato”, de Juliana Sanson; e “Anderson”, de Rodrigo Meireles. A curadoria é sempre divulgada no instagram da Cardume.
Políticas públicas
O projeto também é fruto das políticas públicas e foi realizado por intermédio do edital BH nas Telas, edição Paulo Gustavo. Ficará na rodoviária por um ano e, ao todo, 48 filmes serão exibidos, com 30% desse número dedicado às produções mineiras.
Tatiana Carvalho, presidente da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan), reforça a potência do projeto para possibilitar o acesso à cultura e a valorização do cinema nacional.
“É uma sala feita com dinheiro público, para um retorno a um público que não tem acesso a outras salas de cinema comercial por questões econômicas e também porque geralmente elas [as salas] estão em espaços que são excludentes simbolicamente. Uma sala de cinema na rodoviária é extraordinário, porque é um lugar de passagem, é um lugar, em certa medida, democrático”, enfatiza a cineasta.
O cinema na Rodoviária também é uma oportunidade de defender o cinema brasileiro, segundo Tatiana.
“Oportunizar que pessoas assistam ao cinema brasileiro é uma questão de cultura, de entretenimento e de lazer, mas, sobretudo, é uma questão de soberania nacional. Estamos dizendo do nosso imaginário. É recuperar para nós aquilo que de fato é nosso”, destaca.
Vanessa Costa, a diretora executiva da Terminais BH, que administra a Rodoviária, endossa o mesmo pensamento. “Temos um público diário de mais de 20 mil pessoas. Mensalmente, passam por aqui mais de 600 mil pessoas. Então, é um centro de encontros muito grande de Belo Horizonte e, por que não fazer com que esse grande público tenha a oportunidade de experimentar um pouco do cinema brasileiro?”, observa.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Ana Carolina Vasconcelos