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Órgãos infectados com HIV: polícia prende funcionária suspeita de emitir laudos falsos no laboratório privado

De acordo com as investigações, as falhas no controle de qualidade visavam reduzir custos nas operações

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Laboratório PCS Lab Saleme segue interditado pela Vigilância Sanitária - Fernando Frazão/Agência Brasil

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, neste domingo (20), Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora técnica do Laboratório de Patologia Clínica PCS Lab Saleme, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Ela é suspeita de envolvimento na emissão de laudos falsos que resultaram na contaminação por HIV de pacientes transplantados.

As investigações indicam que houve uma falha operacional nos procedimentos de controle de qualidade do laboratório, com o objetivo de reduzir custos. O técnico de laboratório Ivanilson Santos, preso na segunda-feira (14), declarou em depoimento que Adriana teria dado a ordem para economizar nos testes, reduzindo a frequência das análises de amostras de diárias para semanais.

O delegado Wellington Pereira, responsável pelo caso, informou que Adriana negou as acusações. Além dela, duas outras pessoas foram levadas à Delegacia do Consumidor (Decon), na Cidade da Polícia, para prestar depoimento, incluindo um ex-sócio do laboratório. Ambos foram liberados após serem ouvidos.

A prisão da funcionária faz parte da segunda fase da Operação Verum, que cumpriu um mandado de prisão e oito de busca e apreensão, com apoio do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE). Na primeira fase da operação, ocorrida na segunda-feira (14), duas pessoas foram presas, e outras duas se entregaram nos dias seguintes. Na última sexta-feira (18), a Justiça manteve a prisão temporária dos quatro funcionários do laboratório.

Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, o Laboratório PCS Saleme e seus funcionários já emitiram dezenas de resultados de exames para HIV com falso positivo e falso negativo, incluindo testes em crianças. O laboratório enfrenta diversas ações judiciais por danos morais e materiais, com acusações de negligência e desrespeito à vida dos pacientes.

Com o avanço das investigações, a Secretaria de Polícia Civil (Sepol) decidiu abrir um novo inquérito para apurar o processo de contratação do laboratório envolvido. Até o momento, a defesa de Adriana Vargas dos Anjos não se pronunciou.

Edição: Geisa Marques