O candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol), afirmou que irá apresentar uma denúncia contra o adversário no segundo turno, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), nas propagandas eleitorais de rádio e televisão dos próximos dias.
Em sabatina à Folha de S. Paulo e ao UOL nesta segunda-feira (21), o candidato do Psol disse que a “bomba” contra o emedebista é sobre a “anatomia dos esquemas que foram feitos nos últimos três anos e meio com o nosso dinheiro”, conectando “vários escândalos” já publicados pela imprensa, mas com fatos novos. “Nós vamos fazer isso nos programas de televisão, com responsabilidade, baseado em fatos, provavelmente a partir de amanhã”, disse aos jornalistas.
Como exemplo, Boulos citou o que ficou conhecido como a “máfia das creches”, que envolve o desvio de recursos públicos do atendimento de crianças de zero a três anos na cidade de São Paulo para entes privados.
De acordo com a Polícia Federal (PL), que investiga o caso, trata-se de um "complexo esquema de desvio de valores públicos, inclusive verbas federais, que estaria sendo realizado por Organizações Sociais e Mantenedoras de Centros de Educação Infantil e creches". Nunes não chegou a ser um dos 117 indiciados pela PF, mas foi alvo de um pedido de abertura de inquérito específico.
Boulos também disse que “um prefeito fraco” implica em um “preço” para a cidade de São Paulo, e citou a nomeação de Eduardo Olivatto para a chefia de gabinete na Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo. Olivatto é ex-cunhado de Marcola, o chefe do PCC.
“Quando você olha para o Nunes você vê que ele não é exatamente uma pessoa com ideias próprias, com força e firmeza. Parece representar um fantoche de outros interesses. Um prefeito fraco traz um preço. (...) Mais quatro anos desse ‘cara’, o risco dessa turma tomar conta por completo é muito grande”, disse Boulos.
Além de associar Nunes ao nome do crime organizado e a escândalos de desvio de dinheiro público, Boulos também colocou o atual prefeito como um “fantoche” do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), apoiador do emedebista. Para o candidato do Psol, o atual prefeito representaria um projeto para viabilizar a candidatura do ex-ministro de Bolsonaro à Presidência em 2026.
“Meu adversário não é o Ricardo Nunes. O Ricardo Nunes é um fantoche. O que eu enfrento hoje é um projeto de direita e extrema direita ancorado em interesses econômicos. Esse projeto está representado pelo governador Tarcísio que quer usar a cidade de São Paulo como trampolim para viabilizar a candidatura presidencial dele em 2026. Um grupo que quer derrotar o Lula em 2026 com um bolsonarismo sem Bolsonaro”, disse Boulos.
Caravana pelos bairros e 'carta ao povo de São Paulo'
Mais cedo, em frente à Prefeitura de São Paulo, Boulos anunciou que dormirá na casa de apoiadores até a próxima sexta-feira (25) numa tentativa de reverter votos principalmente daqueles que moram nas regiões mais afastadas do centro de São Paulo.
De hoje para amanhã, o psolista dorme na Brasilândia, na Zona Norte da capital paulista. Depois, passará a noite na Zona Sul, no distrito do Grajaú. De quarta para quinta-feira (24), o candidato dorme na Zona Leste, em São Mateus. Na quinta, ele volta para a sua casa, no Campo Limpo, na Zona Sul, para se preparar para o debate da TV Globo no dia seguinte.
A assessoria de imprensa do candidato à Prefeitura de São Paulo não detalhou de quem são as casas onde Boulos irá dormir, mas disse apenas que são de apoiadores que toparam recebê-lo.
Além das estadias fora de casa, Boulos anunciou uma “carta ao povo de São Paulo”, na manhã desta segunda-feira (21). A estratégia é a mesma utilizada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2002, quando o então candidato se comprometeu a preservar o câmbio flutuante e as metas fiscal e de inflação, com o objetivo de passar uma imagem de moderado ao empresariado brasileiro.
Agora, Boulos garante que, se eleito, seu governo será de “diálogo e construção conjunta” a fim de mudar a imagem que foi construída sobre o candidato de “invasor” e “agressivo”. Em outro trecho, o candidato faz um mea culpa e disse reconhecer que a esquerda se distanciou das próprias bases ao deixar de se comunicar com os mais pobres e a classe trabalhadora, que foram conquistados em parte por nomes da direita, como Pablo Marçal (PRTB) e Jair Bolsonaro (PL).
Edição: Nathallia Fonseca