O ex-ministro do Petróleo e ex-presidente da estatal petroleira PDVSA, Pedro Tellechea, foi preso neste domingo (20) acusado de entregar o sistema automatizado de comando e controle da estatal petroleira PDVSA, conhecido como “cérebro da PDVSA” a uma empresa controlada pela inteligência dos Estados Unidos. A detenção de Tellechea foi confirmada pelo Ministério Público nesta segunda-feira (21).
O órgão não deu detalhes do nome da empresa e do tempo de atuação na PDVSA. Segundo o procurador-geral, Tarek William Saab, o MP vai divulgar mais informações nos próximos dias. Em nota, ele afirmou que a prisão de Tellechea se deu depois de uma “exaustiva investigação” que identificou “crimes graves que ameaçam os interesses superiores da nação”.
Tellechea havia deixado o Ministério do Petróleo e a presidência da PDVSA no final de agosto, em uma reforma ministerial promovida pelo presidente Nicolás Maduro. Ele foi remanejado para comandar a pasta de Indústria e Produção Nacional. Na última sexta-feira (18), no entanto, ele foi demitido do ministério e substituído pelo empresário colombiano Alex Saab.
Logo após deixar o ministério, Tellechea publicou nas redes sociais um agradecimento ao governo e citou o presidente Nicolás Maduro e a vice Delcy Rodríguez. Ele trocou a foto de perfil de suas redes sociais pela imagem de Jesus sendo crucificado.
Ele ficou 1 ano e meio no cargo, em momento delicado para a produção petroleira e para a companhia. Seu antecessor, Tareck El Aissami, foi preso acusado de participar de um esquema de corrupção que teria desviado até US$ 21 bilhões (R$ 115 bi) da empresa. A operação que investigou o caso ficou conhecida como PDVSA-Cripto, porque eram usadas criptomoedas, a princípio, para conseguir driblar as sanções dos EUA, mas acabou tirando os dólares da empresa.
Na ocasião, também foram presos o ex-ministro da Economia e ex-presidente do Fundo de Desenvolvimento Social, Simón Alejandro Zerpa, e o presidente do banco digital Bancamiga, Samark López Bello. Eles seriam responsáveis pelas operações financeiras do esquema.
Tellechea também foi responsável por um processo de recuperação na produção petroleira. Se o país chegou a produzir 2,5 milhões de barris por dia em 2015, enfrentou uma queda para 339 mil em 2020, fruto das sanções impostas pelos Estados Unidos contra o setor petroleiro venezuelano.
O então presidente da PDVSA deixa a empresa com uma produção de cerca de 922 mil barris de petróleo por dia, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Só na gestão de Tellechea, o presidente conseguiu ampliar a produção em mais de 200 mil barris diários.
Acusados de corrupção
Os casos de Tellechea e Tareck El Aissami não são as primeiras histórias envolvendo corrupção na PDVSA e têm se tornado um problema para o governo venezuelano, que envolve o principal setor exportador da Venezuela. Rafael Ramírez foi o primeiro. Presidiu a empresa de 2004 a 2014 e foi acusado de desviar dinheiro em operações irregulares, desvio de capital, contas secretas, subornos e lavagem de dinheiro.
Depois das acusações do Ministério Público, se mudou para a Itália, para evitar sua prisão. Ramírez foi substituído por Eulógio Del Pino. Em 2017, em meio a uma das piores crises econômicas do país, Del Pino foi preso acusado de desviar recursos públicos e superfaturamento em operações da PDVSA.
Del Pino deu lugar a Nelson Martínez, que foi preso no ano seguinte acusado de corrupção. Ele morreu enquanto estava preso por problemas cardíacos crônicos. Depois dele, Manuel Quevedo e Asdrúbal Chávez comandaram a empresa sem problemas com a Justiça.
Edição: Leandro Melito