Corrida eleitoral

Para reverter votos, Boulos dormirá na casa de apoiadores e segue passos de Lula com 'carta ao povo de São Paulo'

Candidato do Psol, atrás do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) nas pesquisas de intenções de voto, mira em indecisos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Boulos fez anúncios em frente à Prefeitura de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (21) - Leandro Paiva/@leandropaivac

O candidato Guilherme Boulos (Psol) anunciou que dormirá na casa de apoiadores até a próxima sexta-feira (25) numa tentativa de reverter votos, principalmente daqueles que moram nas regiões mais afastadas do centro de São Paulo.  

De hoje para amanhã, o psolista dorme na Brasilândia, na Zona Norte da capital paulista. Depois, passará a noite na Zona Sul, no distrito do Grajaú. De quarta para quinta-feira (24), o candidato dormirá na Zona Leste, em São Mateus. Na quinta, ele volta para a sua casa, no Campo Limpo, na Zona Sul, para se preparar para o debate da TV Globo no dia seguinte. 

A assessoria de imprensa do candidato à Prefeitura de São Paulo não detalhou de quem são as casas onde Boulos irá dormir, mas disse apenas que são de apoiadores que aceitaram recebê-lo.  

Na última semana antes do segundo turno, no dia 27 de outubro, o psolista corre para ganhar votos do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e de indecisos. De acordo com a última pesquisa Datafolha, de quinta-feira (17), Nunes tem 51% das intenções de voto contra 33% de Guilherme Boulos. Aqueles que declararam votar branco, nulo ou em nenhum dos candidatos são 14%.  

Carta para SP

Além das estadias fora de casa, Boulos anunciou uma "carta ao povo de São Paulo", na manhã desta segunda-feira (21). A estratégia é a mesma utilizada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2002, quando o então candidato se comprometeu a preservar o câmbio flutuante e as metas fiscal e de inflação, com o objetivo de passar uma imagem de moderado ao empresariado brasileiro. 

Agora, Boulos garante que, se eleito, seu governo será de "diálogo e construção conjunta" a fim de mudar a imagem construída sobre o candidato de "invasor" e "agressivo". "Muitos ficam assustados com a minha trajetória no movimento social. Outros se questionam sobre se conseguiremos dar conta ou se vamos dialogar com quem tem visões diferentes. E, por isso, ficam receosos de apostar na mudança que representamos, mesmo sabendo que a cidade não está boa. Peço aqui um voto de confiança a vocês", diz Boulos na carta. 

Em outro trecho, o candidato faz um mea culpa ao reconhecer que a esquerda se distanciou das próprias bases ao deixar de se comunicar com os mais pobres e a classe trabalhadora, que foram conquistados em parte por nomes da direita, como Pablo Marçal (PRTB) e Jair Bolsonaro (PL). 

"Você, mulher, que foi abrir seu salão, vender salgados na garagem de casa ou na porta do metrô, sabe disso. Você, jovem, que financiou uma moto e foi trabalhar sem parar e sem nenhuma proteção, sabe disso. Você que pega um carro e dirige a cidade toda como motorista de aplicativo sabe disso. Muitas vezes nós deixamos de falar com vocês", reconhece Boulos. 

O candidato também se dirige aos eleitores que se abstiveram de votar no primeiro turno. No primeiro turno, 27,34% deixaram de ir às urnas. O percentual é muito próximo do que foi destinado em votos tanto para Guilherme Boulos (29,07%) quando para Ricardo Nunes (29,48%) e pode representar uma mudança no cenário eleitoral do segundo turno, a despeito do que apontam as pesquisas de intenções de voto. 

"Sei que boa parte de vocês está descrente da política, perdeu a esperança por achar que são todos iguais. E quando a gente vê quem aparece só de quatro em quatro anos, repetindo o que o marqueteiro falou, eu te entendo. É difícil diferenciar quem está de verdade do seu lado dos que querem te enganar", disse o psolista na carta. 

Edição: Martina Medina