VÉSPERAS DA VOTAÇÃO

Eleição no Uruguai com Yamandú Orsi favorito: 'Pode ser um governo bastante produtivo em relação aos interesses sociais', diz analista

Carlos Eduardo Vidigal fala da reta final da campanha e expectativa para resultados; uruguaios votam em 27 de outubro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Apoiadores em comício de encerramento de campanha de Orsi na capital Montevidéu - Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP

Com eleições marcadas para o próximo domingo (27), o Uruguai pode voltar a ter um governo de esquerda depois do mandato de quatro anos de Luis Lacalle Pou, de centro-direita. É grande a expectativa para essa renovação, já que o candidato Yamandú Orsi vem liderando todas as pesquisas. 

Ex-prefeito da cidade uruguaia Canelones, Orsi faz parte da Frente Ampla de esquerda, e tem certa vantagem em relação ao segundo colocado, Álvaro Delgado, do Partido Nacional – do bloco governista –, conforme os levantamentos apontam. 

Historiador, doutor em Relações Internacionais e professor da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Eduardo Vidigal diz que os temas que estão norteando a campanha explicam o motivo de Orsi ser o preferido pela maior parte dos eleitores. 

Segundo o especialista, o governo de Lacalle Pou até respeitou avanços trazidos pela esquerda em governos anteriores, mas  isso pode não ter sido suficiente para conquistar apoio para a reeleição. Experiências de países vizinhos também contam.

"A eleição no Uruguai tem girado essencialmente em torno da manutenção ou reforço dos ganhos sociais da época dos governos da Frente Ampla, diante de um governo neoliberal que respeitou esses avanços, mas talvez não tenha entregado tudo aquilo que a sociedade esperava."

"Mas existem dois outros aspectos que eu considero muito importantes: um deles é o fato de Javier Milei [de extrema direita] governar a Argentina e levar um país a uma recessão; e outra de natureza econômica. O Uruguai passou por muitas dificuldades no ano passado em relação aos dois anos anteriores e tem a principal fonte de renda nas suas exportações, sendo os destinos das exportações a China, o Brasil e a Argentina. E nesse caso, então, um governo mais à direita, mais próximo dos Estados Unidos, talvez não pareça a melhor opção para o eleitorado", argumenta.

Para o professor da UnB, se Orsi, que tem apoio do ex-presidente Pepe Mujica, realmente for eleito, o Uruguai repete movimentos recentes de outros países na América Latina, como o Brasil, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para um terceiro mandato e tirou a extrema direita de Jair Bolsonaro do poder em 2022. 

"Nos últimos anos, tem sido normal na América Latina a alternância de governos de direita e governos de esquerda. Talvez o Chile seja um dos melhores exemplos e mais recentemente o Brasil. E, então, Uruguai agora insatisfeito, digamos, com essas políticas neoliberais, que não conseguem sinalizar para um futuro de maior crescimento e bem-estar, está tendendo a votar, na Frente Ampla", reforça Carlos Eduardo.

"Eventualmente vencendo o pleito, o Yamandú Orsi vai contar com a maior sintonia com o Brasil de Lula e também a possibilidade de um diálogo mais estreito com o que eu disse antes, o principal destino das exportações do país que é a China. Então, nesse sentido, pode ser um governo bastante produtivo, digamos, em relação aos interesses sociais", conclui.

A entrevista completa está disponível na edição desta quarta-feira (23) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
 

Edição: Thalita Pires