A Palestina confirmou sua intenção de aderir ao Brics e compartilhar os valores do bloco. A declaração é do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, durante a sua participação na primeira reunião plenária da 16ª Cúpula do Brics nesta quinta-feira (24).
"Parabenizo os novos países que aderiram à associação – Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia, Irã. A sua adesão ao grupo demonstra o seu crescente peso político e influência na arena internacional. Esperamos que a Palestina também seja aceita no grupo num futuro próximo", disse Abbas.
De acordo com o líder palestino, o crescente interesse de muitos países pelos Brics está associado ao desejo de desenvolver uma nova ordem mundial, mais justa e equilibrada.
"Isto é especialmente relevante à luz do fracasso de algumas estruturas supranacionais em encontrar soluções para as crises atuais e para os problemas de longa data que assolam o mundo. Em particular, a solução para o problema palestino", declarou.
Ele acrescentou que há um ano o povo palestino vem sofrendo uma catástrofe humanitária, enquanto Israel vem praticando genocídio e limpeza étnica na Faixa de Gaza, para expulsar os seus habitantes da sua terra natal.
"Hoje em dia, os crimes acontecem na parte norte do enclave, onde as pessoas passam fome. Vemos a agressão dos colonos radicais na Cisjordânia. Tudo isto viola o direito internacional e expande a geografia do conflito", afirmou Abbas.
Ele também destacou que é importante implementar a decisão do Conselho de Segurança da ONU sobre um cessar-fogo, garantindo o acesso humanitário e a retirada completa das forças israelitas da Faixa de Gaza o mais rapidamente possível.
"Precisamos pôr fim à violência, à injustiça e à expansão das atividades agressivas de Israel. É necessário implementar a resolução da Assembleia Geral da ONU com base no parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça. Israel deve ser forçado a pôr fim à sua presença ilegítima em terras palestinas e em Jerusalém Oriental. Para que eles possam fazer isso em um ano. Se isso não acontecer, deverão ser aplicadas sanções contra eles", acrescentou o presidente da Palestina.
Abbas disse que conta com o apoio dos países Brics para alcançar estes objetivos. Segundo ele, o grupo tem influência no cenário internacional e pode resolver questões relacionadas à segurança.
Brics reforçam apoio à Palestina na ONU
No documento final da 16ª Cúpula do Brics, intitulado de "Declaração de Kazan", os países do grupo reafirmaram o "apoio à adesão plena do Estado da Palestina às Nações Unidas no contexto do compromisso inabalável com a visão da solução de dois Estados".
Já o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, em seu discurso na sessão plenária, também deu destaque à questão da guerra promovida por Israel em Gaza. Segundo ele, "não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino independente".
"A decisão sobre sua existência foi tomada há 75 anos pelas Nações Unidas. Mas a mesma ONU que criou o Estado de Israel hoje se vê de mãos atadas. Não há justificativa para atos terroristas como os praticados pelo Hamas. Mas a reação desproporcional de Israel tornou-se punição coletiva ao povo palestino. Já foram lançados sobre Gaza mais explosivos do que os que atingiram Dresden, Hamburgo e Londres na Segunda Guerra Mundial", completou o ministro.
Edição: Rodrigo Durão Coelho