O último debate antes do segundo turno das eleições municipais entre os candidatos à Prefeitura de Natal, Natália Bonavides (PT) e Paulinho Freire (UB), transmitido pela Inter TV Cabugi na noite desta nesta sexta-feira (25), começou com uma troca de acusações.
Freire insistiu no discurso de que Bonavides "defende bandidos", enquanto a candidata disse que o rival comprou votos. Ao longo da campanha, os dois candidatos tiveram direitos de resposta concedidos pela Justiça Eleitoral, para se defenderem das acusações feitas pelos adversários. Os temas, presentes ao longo das campanhas, voltaram a aparecer no último embate.
Na noite desta sexta-feira, Freire, candidato apoiado pelo atual prefeito, Álvaro Costa Dias (PSDB), insistiu no antipetismo como estratégia para atacar sua adversária. "Vocês sempre se fazem de vítima, mas na campanha vocês usam as estruturas sindicais", disse, por mais de uma vez.
Bonavides ressaltou que o concorrente não conhece a cidade. No terceiro bloco, pressionado pela candidata, Freire assumiu não conhecer o atual orçamento do município. "Eu confesso à senhora que eu não conheço o orçamento, vi até o do estado, que ele já vem com aumento do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], né?", disse. "Viu do estado, mas não o do município que o senhor pretende governar?", retrucou Bonavides. O candidato justificou que não teve tempo.
Nos outros blocos, os candidatos passaram por temas como direitos humanos, adaptação às mudanças climáticas e geração de emprego. A industrialização ganhou destaque, e Freire ressaltou o incentivo aos empresários, mas acusou os órgãos de defesa ambiental e do patrimônio histórico de "atrapalhar a industrialização". "Nós temos que chamar a segurança jurídica para que o empresário venha aqui para Natal e possa não ser atrapalhado, às vezes pelo Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis], pelo Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], portanto, os órgãos do governo federal, que atrapalha (sic)".
Primeiro bloco é marcado por troca de acusações
O primeiro bloco, com perguntas diretas entre os concorrentes, foi aberto por Bonavides, que questionou Freire sobre as acusações de ameaças contra eleitores e compra de votos. Na fala, ela mencionou a violência política e comentou ter recebido ameaça de morte. "É a violência política que eu me refiro, tanto psicológica quanto física, é de compra de votos, de uma série de absurdos que nós não gostaríamos de estar vendo nesse processo", disse.
Freire ressaltou que teve direito de resposta no Instagram de Bonavides sobre essas denúncias e retrucou com outras acusações contra a concorrente. "E eu queria chamar aqui a atenção da Polícia Federal, para que nessas últimas 48 horas, fique atento. Estão acontecendo mentiras, dizendo que vão perder Bolsa Família, que vão acontecer assédios dentro das secretarias".
A jornalista Emmily Virgílio, que fez a mediação, lembrou que os dois tiveram direito de resposta ao longo da campanha; e chamou atenção para que os candidatos aproveitassem o espaço para falar das propostas para a cidade.
No segundo bloco, candidatos debatem saúde e transporte
No segundo bloco, com sorteio de temas, Freire iniciou escolhendo saúde e apresentando suas propostas para a área. "Nós temos várias propostas para a saúde de Natal, inclusive a conclusão do hospital municipal, que vai desafogar muito as UPAs [Unidades de Pronto Atendimento]".
Em resposta, Bonavides informou que a atual gestão, que apoia Freire, fechou unidades de saúde na cidade. "Nós vimos maternidade ser fechada, nós vimos o hospital infantil ser fechado", disse.
Na sua vez, a candidata escolheu o tema transporte público, e iniciou a fala ressaltando que o assunto faz parte do eixo central da sua proposta de governo. "Hoje tem vários estudantes que estão trancando o curso porque não tem como voltar da aula de noite. Tem várias pessoas que estão deixando de conseguir um trabalho", disse. Bonavides falou sobre a redução de tarifa e foi rebatida por Freire. "A gente não pode prometer que vai ter tarifa zero, senão a gente estaria enganando vocês", declarou o candidato.
No terceiro bloco, direitos humanos entram na pauta
No terceiro bloco, de tempo livre, os candidatos iniciaram falando sobre as propostas para mulheres, crianças e idosos. Bonavides abriu a fala propondo uma política municipal do cuidado. "São tantas mulheres que cuidam de idosos, porque não existe uma instituição municipal pública que acolha pessoas idosas. São tantas mulheres que estão em tempo integral cuidando de crianças com transtorno do espectro autista (...) é por isso que a gente precisa de uma política municipal do cuidado".
Freire listou suas propostas para o tema, como a criação de centros de atendimentos aos idosos e centros de referência da mulher. "Nós vamos criar um centro de qualificação para a mulher e para as pessoas com espectro autista", disse.
As acusações retornaram, na fala de Freire, que acusou Bonavides de ter um projeto para defender bandido. "Sabe do que se trata? O projeto que existe é para que uma mãe que, num estado de desespero, tenha furtado um pacote de bolacha, sem violência, sem reincidência, ter o mesmo tratamento, por exemplo, que tem hoje um estudante de uma escola particular dos bairros mais ricos que tenha furtado um chocolate", explicou a candidata.
No quarto bloco, candidatos falam de turismo e manutenção das lagoas
Bonavides iniciou o quarto bloco abordando a pauta ambiental, com pergunta sobre a manutenção das lagoas de captação das águas pluviais. Em julho, quatro lagoas transbordaram após fortes chuvas na cidade. "As regiões que mais sofrem seguem abandonadas inclusive no discurso do candidato", provocou.
Para finalizar, Freire escolheu o tema da atração e geração de emprego e falou sobre cursos de capacitação para jovens. O candidato mencionou também suas propostas para o turismo, "melhorando as condições para que o empresário venha investir em Natal, fazendo com que o turismo não seja só de sol e mar, seja o turismo histórico, religioso, turismo de eventos".
Apesar do debate marcado pela troca de acusações, Freire usou as considerações finais para dizer que não quer o voto de quem compactua com violência política. Bonavides encerrou destacando sua capacidade de articulação com os outros níveis federativos para que a cidade receba investimentos.
De acordo com a última pesquisa AtlasIntel, divulgada na última terça-feira (22), Paulinho estava à frente, com 54,4% das intenções de voto; e Natália aparecia com 44,3%.
Edição: Nicolau Soares