Não foi uma eleição fácil. No domingo, 27 de outubro, todos os fortalezenses sentiram a tensão de uma disputa que, desde o início do segundo turno, se desenhou como uma das mais acirradas do país.
Foi uma eleição, literalmente, decidida voto a voto. 10.838 pessoas. Essa foi a diferença entre Evandro Leitão (PT) e André Fernandes (PL). 50,38% para o petista (716,1 mil votos), 49,62% para o bolsonarista (705,2 mil votos). Uma lição difícil de esquecer.
Após a apuração das urnas, no comitê central de Evandro Leitão, o novo prefeito de Fortaleza passou mal. Teve uma queda de pressão, tamanha a emoção de vencer uma eleição tão apertada na quarta maior capital do Brasil. “Foi muito calor e muita emoção”, disse Evandro depois de ser amparado e se hidratar.
Não é para menos. Fortaleza foi a representação da polarização nacional. Uma aposta arriscada de Camilo Santana, ministro da educação, que após o racha do PT e PDT, indicou Leitão, recém coligado, preterindo a deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT) para concorrer ao paço municipal.
Durante a coletiva de imprensa, Evandro falou sobre sua gestão à frente da prefeitura de Fortaleza, a partir de 2025. “Ampliar a rede de saúde da família, ampliar os Caps em Fortaleza. Transformar Fortaleza na cidade da educação, assim como o estado do Ceará. E geração de emprego e renda para dar dignidade para as pessoas” afirmou.
No palco do comitê, Camilo puxou uma oração entre os eleitores, chorou, agradeceu e garantiu apoio pelos próximos 4 anos. “Eu queria agradecer a Deus, ao povo de Fortaleza e dizer que o que eu puder fazer para o Evandro ser o melhor prefeito da cidade, eu farei”, afirmou.
O choro foi de alívio. Essa foi a eleição mais acirrada da história de Fortaleza. Evandro e Camilo sabem disso. De um lado, Evandro Leitão, um dos maiores articuladores políticos da Assembleia Legislativa, reconhecido por sua coerência, inclusive entre os deputados de oposição, apoiado pelo time de Lula, Camilo e Elmano, governador do estado. Do outro, um jovem inexperiente, que usou as redes sociais para ganhar fama e encontrou no bolsonarismo uma boa raiz para suas ideias. Apoiado pelo sistema que jura não fazer parte.
A necessidade de mudança também ficou evidente. Não podemos cair na falácia de acreditar que quase 50% da população é fascista. São pessoas que precisam ser ouvidas para que o novo gestor entenda suas necessidades. Fortaleza tem uma população rebelde, que não se guia. Mas o resultado das eleições traz muitas reflexões. Abre- se uma nova fase para uma cidade mais justa e humana.
*Amanda Sobreira é jornalista em Fortaleza
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Edição: Nathallia Fonseca