APELOS

A uma semana da eleição nos EUA, Kamala discursa em Washington e Trump radicaliza ainda mais o discurso

A democrata pretende unir eleitorado em último discurso, enquanto Trump radicaliza e promete inflamar retórica

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Kamala Harris aparece à frente do ex-presidente Donald Trump, mas com margem percentual muito apertada. Eles disputam a Casa Branca em cinco de novembro - SAUL LOEB / AFP

A exatamente uma semana das eleições nos Estados Unidos, Kamala Harris discursa nesta terça-feira (29) no estado-pêndulo da Pensilvânia, em um parque próximo à Casa Branca, mesmo local onde Donald Trump discursou a seus apoiadores antes do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Segundo a equipe de campanha de Harris, a ideia é que a candidata chame os participantes a virar a página sobre a era Trump. O evento terá o tom de discurso de uma advogada.

Ao sul da cerca da Casa Branca, na Elipse, o parque onde se coloca a tradicional árvore de Natal da cidade, Kamala destacará que seu rival é "alguém totalmente absorvido por seu infinito desejo de vingança" que não está interessado "nas necessidades do povo estadunidense", segundo a equipe da democrata. A polícia de Washington prevê a presença de mais de 50 mil pessoas.

Também na manhã desta terça, Steve Bannon, proeminente figura da direita estadunidense e ex-conselheiro de Donald Trump, foi solto da prisão, uma semana antes das eleições presidenciais, após passar quase quatro meses detido.

Bannon foi condenado após rejeitar uma intimação para testemunhar diante do painel do Congresso que investiga o ataque de apoiadores de Trump ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Abordagem moderada

Quando entrou na campanha após a desistência do presidente Joe Biden, a vice-presidente acelerou nas pesquisas, permitindo que o partido levantasse o ânimo e assumisse a dianteira nas pesquisas nacionais, mas, com o passar das semanas, a vantagem caiu.

Neste momento, os dois estão nivelados nas pesquisas, com um empate técnico nos sete estados-pêndulo que decidirão o resultado das eleições.

Para tentar alavancar nesta reta final, Kamala Harris, que pode se tornar a primeira mulher negra presidente dos Estados Unidos, enfatizará as "duas abordagens diferentes" para o país. Lembrará que Trump está focado em sua "lista de inimigos" e ela, em uma "lista de tarefas".

Nas últimas semanas, a vice-presidente democrata compareceu a atos eleitorais com a ex-congressista conservadora Liz Cheney, criticada por Donald Trump, prometendo ser uma presidente para "todos os americanos". 

A candidata de 60 anos também abandonou várias posições expressadas no passado, do clima até as armas de fogo, para evitar ser considerada muito progressista por este eleitorado - em uma disputa que pode ser decidida por uma pequena diferença de votos.

Abordagem radical

Trump fará um comício à noite em Allentown, cidade com grande população porto-riquenha na Pensilvânia, considerado o mais importante dos estados-pêndulo. Nas últimas semanas, o candidato republicano radicalizou ainda mais o discurso e se distanciou do centro político e da moderação.

A Pensilvânia conta com meio milhão de porto-riquenhos, furiosos com os republicanos desde que, no domingo, um humorista os insultou em um comício de Trump em Nova York, com piadas consideradas racistas e xenofóbicas.

A equipe de campanha do magnata até tentou se distanciar das falas preconceituosas do humorista. "As piadas não refletem as visões da campanha ou do presidente", disse Danielle Alvarez, conselheira sênior de Trump durante a declaração. Mas, nesta terça-feira, Trump chamou o evento de "festival do amor".

Em seus comícios, muitos deles para milhares de pessoas, o candidato republicano inflama sua retórica todos os dias, e ataca grupos inteiros de eleitores.

Além disso, Trump não fez nenhum tipo de movimento para tentar reconquistar ex-colaboradores que o criticam, de seu ex-vice-presidente, Mike Pence, até seu ex-chefe de gabinete John Kelly, que esta semana afirmou que Trump se encaixa na definição de fascista.

*Com AFP

Edição: Leandro Melito