Repercussão

Partidos protocolam pedido de impeachment contra Tarcísio por associar Boulos ao PCC

Cinco siglas da esquerda falam em crime de responsabilidade

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O governador disse que o PCC teria orientado votos em Guilherme Boulos, mas sem apresentar provas - Mônica Andrade/Governo do Estado de SP

Os cinco partidos de esquerda da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) protocolaram uma representação contra o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobre a suposta orientação de votos do Primeiro Comando da Capital (PCC) no candidato Guilherme Boulos (Psol) na eleição para a Prefeitura da capital paulista. 

As siglas pedem à presidência da Casa uma análise para a abertura de apuração de crime de responsabilidade e indicam que a penalidade adequada deveria ser o impeachment do governador. 

Um dos autores do pedido, o deputado Carlos Giannazi (Psol), afirmou ao Brasil de Fato que Tarcísio “cometeu improbidade administrativa, porque utilizou o cargo público de governador, de chefe das polícias Militar, Civil e Penal para fazer propaganda para o candidato dele, que era o Ricardo Nunes, no dia da eleição. É um crime de responsabilidade, mas é também um crime eleitoral gravíssimo”. 

“Foi o ‘momento Marçal’ dele, mostrando que é de extrema direita, que é bolsonarista. Ali ele tirou a máscara de moderado. A Alesp tem que reagir a isso. Ele tem que ser punido e, por isso, nós estamos entrando com esse pedido de impeachment’, completou o deputado.  

O Brasil de Fato pediu um posicionamento para o governo de São Paulo e aguarda um retorno.  

Convocação 

Tarcísio de Freitas também foi convocado para prestar depoimento sobre a declaração na Alesp pelo deputado estadual Guilherme Cortez (Psol). Para o parlamentar, declaração de Tarcísio violou o processo democrático.  

"[Foi] um crime eleitoral sem precedentes. É a primeira vez que a gente vê o governador de São Paulo utilizando da prerrogativa do seu cargo em pleno dia de eleição para tentar influenciar o resultado das urnas e beneficiar o seu candidato, prejudicando o adversário. A gente não pode permitir que essa atitude do Tarcísio fique impune", disse o parlamentar. 

"Nós protocolamos um requerimento de informação obrigando o governo a manifestar e apresentar as provas sobre as acusações, sobre os tais bilhetes do crime organizado. Isso precisa ser apurado, precisa ser comprovado. Protocolamos também um requerimento para que tanto o governador Tarcísio quanto o secretário de Administração Penitenciária de São Paulo [Marcello Streifinger] possam vir à Assembleia Legislativa prestar informações e depoimentos aos deputados".

Relembre o caso 

No dia do segundo turno, no último domingo (27), Tarcísio, que apoiou ativamente o prefeito agora reeleito Ricardo Nunes (MDB), afirmou que criminosos ligados ao PCC teriam orientado voto em Boulos, mas não apresentou provas.  

"Teve o salve. Houve interceptação de conversas, de orientações que eram emanadas de presídios por parte de uma facção criminosa orientado determinadas pessoas em determinadas áreas a votar em determinados candidatos. Houve essa ação de interceptação, de inteligência, mas não vai influenciar as eleições", afirmou o governador.  

“Isso aconteceu em São Paulo, disseram que era para votar no outro”, disse. Questionado por um jornalista sobre qual era o candidato indicado pelo PCC, Tarcísio respondeu: "Boulos". 

Com as urnas já fechadas, a presidenta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ministra Cármen Lúcia, fez um balanço sobre o processo eleitoral em todo o país e se limitou a dizer que Corte dará resposta rápida à notícia-crime de Boulos contra Tarcísio. 

Edição: Nathallia Fonseca