Lançado em julho deste ano, mas ainda sem os exemplares físicos devido às cheias que atingiram o Rio Grande do Sul, o fotolivro ‘Alvorecer em terreiros’ foi publicado na versão impressa. O projeto, desenvolvido por Tainã Rosa e Josemar Afrovulto, deve agora ir para as escolas da rede municipal de Alvorada (RS).
a distribuição, de dez livros por escola, foi financiada pela Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude de Alvorada (SMCEJ), em parceria com a SMED e o IFRS Alvorada, através da Lei Paulo Gustavo. O livro traz um mapeamento cultural e afetivo dos terreiros da cidade.
Os personagens, retratados em fotografias e entrevistas sobre suas vidas e as religiões de matriz africana, também receberam um exemplar da obra. Entre os presenteados esteve Pai Dieison, que mora no Bairro Passo do Feijó. Com o livro em mãos, ele falou da importância que esta obra tem para o povo de Alvorada.
“Ela não é importante apenas para os terreiros. Ela é importante e necessária para combater o racismo e a intolerância religiosa. Essa obra também vem para desmistificar muita coisa das religiões de matrizes africanas. Este material tem um papel educativo, pedagógico e político. Os terreiros resistem e isso vai além das práticas ritualísticas e chega em toda a cultura e tradição”, enfatiza Pai Dieison.
Outra personagem presenteada com o livro foi Mãe Lelê de Ogum, que também reside no Passo do Feijó. A alvoradense, vive no município desde a década de 1940, quando esse ainda fazia parte de Viamão, e conta que sempre atendeu a comunidade. Ela se recorda de memórias do passado e como as coisas mudaram nos dias de hoje. Ela acredita que o território alvoradense pode melhorar ainda mais e que o livro ‘Alvorecer em Terreiros’ pode auxiliar no processo.
“Esse livro será bom para as crianças. A nossa religião já foi muito criticada e hoje ela tem mais respeito. Hoje nós temos a liberdade que antes não tínhamos. Ver esse livro pronto é bom, mas isso serve para as crianças de agora. Assim eles vão crescer já aprendendo a respeitar. Antes a gente não era respeitado e hoje a nossa religião é respeitada”, finaliza Mãe Lelê de Ogum.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Vivian Virissimo