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Tempero da Notícia: PT tem desempenho ruim nas urnas e dirigentes trocam farpas em público

Programa com o jornalista Rodrigo Vianna traz comentários sobre os principais acontecimentos políticos desta semana

Rodrigo Vianna é jornalista desde 1990. Durante sua trajetória, já passou pela Folha de S. Paulo, TV Cultura, Globo e Record - Willians Campos/ Brasil de Fato

Neste ano, o Partido dos Trabalhadores (PT) conseguiu melhorar o desempenho eleitoral registrado em 2020, quando venceu em 183 disputas à prefeitura. Desta vez, o partido irá comandar 252 municípios brasileiros. No entanto, apenas uma capital, Fortaleza, no Ceará, onde Evandro Leitão derrotou o bolsonarista André Fernandes (PL).

Apesar do partido não ter feito projeções, a expectativa de analistas era de que as conquistas fossem maiores, já que o PT está no governo federal e tem como seu principal cabo eleitoral o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O mandatário, porém, não mergulhou de cabeça nas eleições municipais e fez apoios pontuais como em São Paulo, para a candidatura de Guilherme Boulos (Psol).

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No estado de São Paulo, berço do partido, o PT quase desapareceu. Perdeu cidades importantes da região metropolitana, como Diadema e do interior, como Araraquara. Na capital, Boulos teve derrota esmagadora, ao perder para o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que alcançou 59,35% dos votos, contra 40,65% do psolista.

A situação eleitoral do partido fez com que as críticas internas fossem tratadas publicamente. O ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha afirmou que o PT estava no Z4, em referência à zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro de futebol. Como resposta, a presidenta do partido, Gleisi Hoffmann acusou ministros de não embarcar em em apoios às candidaturas municipais e pediu respeito ao PT, que tem sofrido duros ataques desde a Operação Lava Jato.

Este é um dos destaques do Tempero da Notícia, programa produzido pelo Brasil de Fato e apresentado pelo jornalista Afonso Bezerra, que substitui Rodrigo Vianna nesta semana.

Sucessão na Câmara Federal

Com a volta dos trabalhos no Congresso, o mundo político dirige seus esforços para a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados. Hugo Motta (Republicanos-PB) é o indicado de Arthur Lira (PP-AL) para a sua sucessão. Lira fez grande articulação e garantiu o apoio de diversos partidos, de todos os espectros políticos.  

Por outro lado, o debate sobre o projeto que anistia os golpistas do 8 de janeiro, deixou a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e passará agora pela análise de um grupo trabalho. Após a análise da comissão, o presidente da Câmara decidirá quando pautar o projeto no Plenário da casa.

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A expectativa de Jair Bolsonaro (PL) é de que o nome dele seja incluído na lista de anistiados e que, assim, possa resgatar seus direitos políticos e concorrer à presidência do país em 2026. No entanto, deputados têm sinalizado de maneira distinta e o ex-presidente pode permanecer impedido de concorrer às eleições até 2030. 

Panela de Pressão

Quem vai para a Panela de Pressão desta semana é Bolsonaro. Apesar do seu partido, o PL ter aumentado o número de prefeituras (saltou de 351 para 517), inclusive quatro capitais, o ex-presidente colecionou derrotas importantes nestas eleições municipais.

No Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem perdeu ainda no primeiro turno para Eduardo Paes (PSD). Em Fortaleza, André Fernandes, que havia ganhado no primeiro turno, tomou a virada do petista Evandro Leitão.

Em Goiânia, a derrota de Fred Rodrigues para Sandro Mabel (União) teve consequências ainda maiores, já que Bolsonaro fez intensa campanha na cidade e enfrentou o antigo aliado Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás. Caiado, inclusive, lançou sua candidatura à presidência para 2026 e se afastou de Bolsonaro.

Bolsonaro também viu as eleições municipais racharem a direita e a extrema direita. O surgimento de novas lideranças como Pablo Marçal (PRTB) e as críticas de setores evangélicos, como Silas Malafaia, tornam o futuro político do ex-presidente cada vez mais incerto. 

Cafezinho

O Cafezinho desta semana vai para todos os que não desistiram de buscar os responsáveis pela morte de Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, assassinados em março de 2018. Um dos mais graves crimes políticos da história do Brasil alcançou toda a sociedade e conviveu com o avanço da extrema direita no Brasil. 

Nesta semana, a Justiça do Rio de Janeiro condenou os executores do assassinato, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. Lessa foi condenado a 78 anos e 9 meses de reclusão, enquanto Élcio recebeu a pena de 59 anos de prisão e 8 meses de reclusão.

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Os condenados deverão pagar ainda pensão para Arthur, filho de Anderson, até os 24 anos, e uma indenização por dano moral de R$ 706 mil para cada um dos seguintes familiares: Arthur, Agatha (esposa de Anderson), Luiara, Mônica e Marinete (filha, viúva e mãe de Marielle, respectivamente). 

A federalização do caso foi essencial para a sua resolução, já que a Polícia Civil do Rio de Janeiro atrapalhou as investigações. O delegado Rivaldo Barbosa, inclusive, permanece preso. 

Apontados como mandantes da morte de Marielle Franco, os irmãos Chiquinho e Domingos Brasão seguem na prisão. 

Onde assistir

Tempero da Notícia vai ao ar todas as sextas-feiras, às 20h, no canal do Brasil de Fato no YouTube e na TVT, canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.

Moradores do estado de São Paulo podem acompanhar o programa pela Rádio Brasil Atual (98,9 FM na Capital Paulista e 93,3 FM na Baixada Santista), nos mesmos horários.

Edição: José Eduardo Bernardes