Ao menos 54 palestinos foram mortos na Faixa de Gaza por ataques de Israel apenas nesta terça-feira (5), a maioria delas no norte da região.
Este é o segundo dia consecutivo que Israel ataca o hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia, o último funcionando parcialmente no norte do enclave. Eid Sabbah, um dos diretores do hospital, disse que os ataques de aviões e drones israelenses atingiram a ala infantil do local, ferindo equipe hospitalar e pacientes, incluindo recém-nascidos.
Neste momento, o hospital está funcionando com apenas quatro médicos e trabalhadores da saúde ou voluntários.
Nas últimas semanas, a IDF (exército israelense) intensificou as ofensivas contra o norte da Faixa de Gaza. Mais de 100 mil palestinos, sendo a maioria mulheres e crianças, estão cercadas na região sem comida ou medicamentos, informou o porta-voz da Defesa Civil na Faixa de Gaza, Mahmoud Basal no sábado (2).
Na Cisjordânia, sete palestinos foram mortos também nesta terça em operações do exército israelense, território ocupado por Israel desde 1967, segundo fontes oficiais palestinas.
Retirada de pacientes de Gaza
A Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou, que planeja retirar mais de cem pessoas gravemente doentes e feridas da Faixa de Gaza na próxima quarta-feira (6).
"Amanhã [quarta-feira], esperamos participar de uma grande retirada médica de mais de cem pacientes", disse Rik Peeperkorn, chefe da OMS nos Territórios Palestinos.
Até 113 pessoas seriam transferidas, disse a OMS, a maioria delas para os Emirados Árabes Unidos e algumas para a Romênia, para receberem cuidados especializados. Seria a maior retirada de Gaza desde outubro de 2023, segundo dados da agência da ONU.
Segundo o chefe da OMS, os pacientes serão transferidos de vários centros de saúde da Faixa para o Hospital Europeu em Gaza, perto de Khan Yunis, no sul. Eles poderão deixar o território através da passagem Kerem Shalom, para viajar para os Emirados e a Romênia, disse Peeperkorn aos jornalistas em Genebra em uma videoconferência a partir de Gaza.
Os pacientes fazem parte das 14 mil pessoas que aguardam atualmente para serem transferidas por razões médicas. Metade delas está ferida de guerra e outras sofrem de doenças graves, como câncer, acrescentou.
Novo ministro da Defesa de Israel
Na tarde desta terça-feira, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou a demissão de Yoav Gallant como ministro da Defesa israelense. Ele será substituído por Israel Katz, que atuava como ministro das Relações Exteriores.
Netanyahu alegou "quebra de confiança, e diferenças significativas na administração das guerras" de Israel, que teria ocasionado apelos de greve geral e protestos em massa. Além do genocídio que ocorre em Gaza desde 7 de outubro de 2023, Israel também ataca Líbano, Síria e Iêmen.
Para o grupo que representa as famílias dos reféns israelenses que estão mantidos em Gaza, a demissão de Gallant do Ministério da Defesa representa "mais um passo para sabotar o acordo de reféns", segundo o jornal israelense Haaretz.
“Exigimos que o novo ministro da defesa expresse um compromisso explícito com o fim da guerra e que leve a cabo um acordo abrangente para o regresso imediato de todos os sequestrados”, disse o grupo. Na noite de terça, centenas de manifestantes foram às ruas de Tel Aviv protestar contra a demissão de Gallant.
O ministro de extrema direita da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, declarou, nesta manhã, que Netanyahu tomou a decisão certa e que, enquanto ele estivesse no cargo, seria "impossível alcançar uma vitória total" do país.
*Com AFP e Al Jazeera
Edição: Rodrigo Durão Coelho