Com 270 mil habitantes, condado de Erie na Pensilvânia desempenha um papel importante na escolha entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos. O condado escolheu o ex-presidente democrata Barack Obama duas vezes, depois Trump por alguns milhares de votos, e então se inclinou para o presidente democrata Joe Biden em 2020.
O caminho para a vitória do ex-presidente Donald Trump ou da vice-presidente Kamala Harris provavelmente passa pela Pensilvânia, e este condado majoritariamente branco e operário, no noroeste, concentra os temas-chave da eleição. Dos sete estados onde Harris e Trump estão lado a lado e que podem decidir a eleição, a Pensilvânia é o que tem mais votos no Colégio Eleitoral: 19. As pesquisas mostram os dois candidatos empatados.
Para os trabalhadores de Erie os temas mais importantes deste pleito são a proteção e criação de novos empregos. "Os empregos na indústria foram embora de Erie. É um grande problema, e Trump não ajudou em nada", disse Thompson, usando um boné de beisebol camuflado, estampado com a bandeira americana, defende Mason Ken Thompson, de 66 anos. "Acho que Kamala ajudará os jovens com a questão da habitação", acrescentou.
Darlene Taylor, de 56 anos, afirmou, por sua vez, que deseja "fechar a fronteira" para proteger os empregos nos EUA. "Não precisamos de mais quatro anos de alta inflação e preços elevados da gasolina, de mentiras", declarou Taylor, que vestia uma camiseta de Trump, após votar na escola. "Estados Unidos em primeiro lugar, e Harris não vai apoiar isso", disse ela, repetindo um dos lemas de campanha do republicano.
"Gosto de Donald Trump até certo ponto, mas ele não quis sair quando tentaram tirá-lo", acrescentou, após entrar em sua caminhonete preta 4x4, referindo-se à negativa de Trump em aceitar sua derrota eleitoral em 2020.
Polo industrial
Como ocorre com outros condados-pêndulos na Pensilvânia, Erie teve seu momento de glória como um pujante polo industrial, mas está em decadência devido à terceirização e à automação. Agora, depende cada vez mais do setor de serviços, mas ainda possui uma forte classe trabalhadora.
Em 2019, a fábrica de trens da General Electric (GE) fechou as portas em Erie, deixando um vazio em uma cidade onde gerações de trabalhadores integraram o quadro de funcionários desse grande conglomerado americano. A Wabtec, criada após a fusão com a Westinghouse, assumiu o comando para continuar fabricando trens na cidade, mas com muito menos postos de trabalho do que a GE.
O senador democrata da Pensilvânia Bob Casey anunciou recentemente uma ajuda de US$ 48 milhões (R$ 276 milhões, na cotação atual) para que a Wabtec desenvolva baterias de hidrogênio para trens.
O momento do anúncio não foi por acaso. Casey está envolvido em uma acirrada disputa pela reeleição com o republicano Dave McCormick, em uma corrida que pode decidir qual partido ficará com o controle do Senado americano. Um funcionário da Wabtec, Henry Miller, pediu que os políticos começassem a ajudar as pessoas em sua “própria cidade”.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito