No dia anterior à reunião que deve concluir o pacote de cortes de gastos, marcada para esta quinta-feira (7) com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chefe do Executivo afirmou em entrevista que os cortes não devem afetar benefícios sociais.
A declaração foi dada aos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF), em um programa da Rede TV. “Nós não podemos mais jogar, toda vez que temos que cortar alguma coisa, em cima dos ombros das pessoas mais necessitadas", disse Lula.
Na entrevista, o presidente fez críticas ao mercado: "se eu fizer um corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, a pergunta que eu faço é o seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo. Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Vão aceitar? Eu não sei se vão aceitar".
Questionado sobre quais medidas serão anunciadas no pacote, Lula disse que não poderia, pois as negociações ainda não foram concluídas. “Estou num processo de discussão muito séria com o governo, porque eu conheço bem o discurso do mercado, a gana especulativa do mercado, e eu, às vezes, acho que o mercado age com uma certa hipocrisia”, reforçou.
As reuniões sobre ações para enxugar o orçamento foram realizadas entre segunda (4) e terça-feira (5). Na quarta (6), Fernando Haddad declarou que poucos detalhes ainda precisam ser ajustados em nova reunião nesta quinta-feira. Além de Haddad e Lula, a reunião envolve também os ministros Simone Tebet (Planejamento), Rui Costa (Casa Civil) e Esther Dweck (Gestão), que compõem a Junta de Execução Orçamentária (JEO).
Os detalhes das propostas podem ser divulgados a qualquer momento. Segundo Haddad, há consenso entre os ministros sobre o cumprimento de regras fiscais.
Edição: Nathallia Fonseca