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Trump fez campanha profissional nos EUA e pode ensinar direita de outros países, diz Miguel Stedile

Episódio de estreia de 'O Estrangeiro' aborda as consequências do governo republicano para o Sul Global

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Donald Trump fala durante um evento na noite da eleição no Centro de Convenções de West Palm Beach, em West Palm Beach, Flórida, em 6 de novembro de 2024 - Jim WATSON / AFP

A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos se deveu em parte a uma campanha profissionalizada do partido republicano - diferente da disputa em 2020 quando foi derrotado pelo democrata Joe Biden. Mas o ponto central que possibilitou sua eleição foram os erros do governo democrata de Biden e sua vice, Kamala Harris.

Essa foi a análise feita pelos convidados do episódio de estreia do podcast O Estrangeiro, nesta quinta-feira (7) sobre a eleição de Trump, confirmada um dia antes. 

"A campanha foi mais profissionalizada que as anteriores. Teve uma mudança na forma como ele construiu essa campanha. O grande medo que nós temos que ter da campanha dos EUA é que a direita aprenda com Trump, mas a esquerda não aprenda com os erros dos democratas", aponta o historiador Miguel Stedile.

"Foi um governo difícil dos democratas. A classe trabalhadora dos EUA sentiu a pressão no bolso, uma desesperança econômica, o caminho de Trump passa muito pelo bolso do eleitor", analisa a repórter do Brasil de Fato em Los Angeles, Eloa Orazen.

A derrota dos democratas, destaca Stedile, começou na eleição passada, com a escolha de Joe Biden como nome para representar o partido, em detrimento de Bernie Sanders.

"Não é de se surpreender que o Partido Democrata, que abandonou a classe trabalhadora, descubra que a classe trabalhadora o abandonou. Enquanto a liderança democrata defende o status quo, o povo estadunidense está irritado e quer mudanças", escreveu o senador Bernie Sanders em uma carta publicada na noite de quarta-feira (6).

"Essa é a lição que fica. Você tem mais empregos mas a inflação continua crescendo. Tem uma frustração. O Biden não era o candidato certo, o governo foi tímido, teve descontentamentos de esquerda com a Palestina. Kamala Harris foi uma vice muito apagada", aponta Stedile.

"Não tinha nada favorável aos democratas, só não era mais visível porque as pesquisas criaram essa sensação de que poderia ser disputado."

O podcast O Estrangeiro é apresentado por Lucas Estanislau e Rodrigo Durão ao vivo toda quinta-feira às 10am. 

 

Edição: Leandro Melito