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Filhos do Vento: documentário mostra impacto do avanço da energia eólica nas famílias do Quilombo do Cumbe (CE)

Famílias são afetadas desde 2008, quando o empreendimento foi instalado; efeito se soma a problemas anteriores

Ouça o áudio:

Um dos impactos apontados pela comunidade é o visual, pela predominância dos "ventiladores gigantes" no cenário - Divulgação/Filhos do Vento

À espera da demarcação do território, o Quilombo do Cumbe, no litoral cearense, acumula impactos pela instalação de um parque eólico na região. O empreendimento começou em 2008, limitando o acesso da população local a espaços utilizados tanto para lazer, tradição religiosa, como à garantia de renda, afetando atividades pesqueira e extrativista. 

Localizado na cidade de Aracati (CE), o quilombo é lar de mais de 100 famílias que enfrentam, desde antes, impactos de outras iniciativas privadas vinculadas ao turismo conhecido internacionalmente, principalmente por conta da praia de Canoa Quebrada. 


Quilombo do Cumbe está a apenas 20km de uma das praias mais famosas do estado, Canoa Quebrada / Arte: Gabriela Lucena

A situação que vem se tornando insustentável ganhou nova visibilidade, agora, com o lançamento do documentário Filhos do Vento, realizado pela dupla de jornalistas cearenses Rogério Bié e Euziane Bastos.

"As famílias foram perdendo o contato com o manguezal, estamos falando de uma população formada marisqueiras e pescadores, a partir do momento que essas empresas e fazendeiros foram chegando no território", relata a diretora Euziane Bastos, em entrevista ao programa Bem Viver desta sexta-feira (8). 

O filme estará disponível gratuitamente a partir deste sábado (9) na plataforma Itaú Cultural Play


Desde a chega do empreendimento, famílias foram limitadas de circular no território livremente / Divulgação/Filhos do Vento

Os primeiros impactos na comunidade se iniciaram ainda na década de 1990, por conta da instalação de empresas de carcinicultura (criação de camarões em cativeiro). Os grupos privados do ramo trouxeram um desequilíbrio ambiental jamais visto no povoado, segundo contam os moradores.  

Por conta do despejo frequente de produtos químicos nos aquíferos, a prática contamina o lençol freático, saliniza a água e desestabiliza o meio ambiente. O resultado salta aos olhos de quem passa pelo local: parte do manguezal está desidratada, e o tradicional aspecto enlameado que caracteriza esse tipo de ecossistema deu lugar a uma vegetação que lembra o cerrado em época de seca, com solo árido e uma paisagem inteiramente acinzentada, sem verde. 

A diretora explica que o título do documentário faz referência às crianças e adolescentes que nascem de relações entre moradores da comunidade quilombola e trabalhadores que vêm de outras cidades para trabalhar na obra. 

O parque de energia eólica com 67 aerogeradores foi instalado em 2008 e se tornou foco de diversos conflitos associados a interferências na mobilidade pelos campos de dunas, soterramentos e privatização das lagoas, alteração da paisagem, modificação das atividades de subsistência e alteração dos espaços de lazer. 

"Em 2008, quando chegaram os parques, tudo foi feito sem consulta. A comunidade conta que foi de surpresa. Chegaram marcando o território e, depois, fazendo promessas, de que não seria ali no quilombo e, principalmente, que o empreendimento traria emprego, desenvolvimento", conta Euziane. "Mas o que veio foi uma destruição, que impactou o modo de vida, a relação afetiva com o próprio território", diz ela, acrescentando que a área do cemitério das famílias, por exemplo, foi privatizada. 

A comunidade aponta que o empreendimento alterou a rota de migração dos pássaros e a dinâmica de movimentação das dunas litorâneas. Com isso, causou temor na vizinhança em relação à aproximação do paredão de areia que cerca o local. 

A diretora lembra que não há um embate contra a transição energética por parte da comunidade, apenas um questionamento em relação à forma que tudo foi imposto aos moradores. 

"O Quilombo do Cumbe foi uma das primeiras comunidades do Brasil e do mundo a questionar a energia eólica. Mas no documentário a gente mostra que ninguém é contra a transição energética. O que eles exigem é que haja diálogo, que haja a compensação pelos danos que foram causados."


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Edição: Martina Medina