O crescimento das áreas urbanas no Brasil nas últimas décadas foi mais intenso em regiões de risco. A conclusão é de um levantamento do MapBiomas, organização que mapeia a cobertura e o uso da terra no país.
Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (8), habitações em regiões de encostas cresceram em níveis superiores à média nacional. Também foi observada expansão de favelas e perda de vegetação nas cidades.
Em 2023, as áreas urbanizadas no Brasil somaram 4,1 milhões de hectares. Isso corresponde a 0,5% do território nacional. O resultado revela crescimento de 2,4 milhões de hectares desde 1985, a um ritmo de 2,4% ao ano.
Nas áreas de encostas, no entanto, a ampliação foi mais acelerada e chegou a 3,3% ao ano. Cerca de 70% do total atual ocorreu a partir da segunda metade da década de 1980. Hoje, são 47,6 mil hectares com esse tipo de ocupação no país.
Mais de 93% dessas áreas estão localizadas na Mata Atlântica. O movimento aconteceu mesmo com a existência de uma lei, promulgada em 1979, que proíbe o parcelamento do solo urbano em terrenos com declividade superior a 30%.
Os maiores aumentos ocorreram nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Nos dois casos as ocupações aumentaram em mais de 800 hectares. Belo Horizonte está em terceiro na lista, com acréscimo de 532 hectares.
Ainda de acordo com o levantamento do MapBiomas, houve crescimento da ocupação urbana perto de rios e córregos. Entre 1985 e 2023, a cada quatro hectares de aumento de área, um está a cerca de três metros verticais ou menos de rios ou córregos, o que torna essas localidades muito vulneráveis a inundações.
O levantamento aponta também o aumento das favelas em território nacional. No período estudado, elas cresceram mais de 104 mil hectares e hoje representam 4,5% das áreas urbanas no Brasil.
Entre os estados que mais concentram esse tipo de aglomeração urbana estão São Paulo, Pará, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Amazonas. Os anos de maior crescimento – de 1999 a 2003 – coincidem com picos de desigualdade de renda na série histórica avaliada pelo MapBiomas.
Edição: Nathallia Fonseca