A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos consolida a maior onda de extrema direita no mundo desde a ascensão de Adolf Hitler e Benito Mussolini nos anos 1920 e 1930. Essa onda de extremismo se intensificou nos últimos dez anos, com os quatro mandatos consecutivos de Viktor Orbán na Hungria e atingiu o Brasil, com a vitória de Jair Bolsonaro (PL), em 2018.
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O segundo mandato de Trump deve ser ainda mais polêmico do que o primeiro, de 2016 a 2020. Entre as promessas de campanha estão a deportação em massa de imigrantes ilegais, taxação de produtos estrangeiros e uma caça a opositores.
Desta vez, Trump ainda terá total apoio da Câmara e do Senado, que elegeu uma maioria de republicanos, alinhados com a política do presidente eleito. Além disso, a composição de órgãos de justiça, como a Suprema Corte, também favorece a implementação de políticas de extrema direita.
Este é um dos destaques do Tempero da Notícia, programa produzido pelo Brasil de Fato e apresentado pelo jornalista Rodrigo Vianna.
Sinal de alerta para o Brasil
A eleição nos Estados Unidos acende um sinal amarelo para o Brasil e, especialmente, para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A situação brasileira é muito similar à vivida por Joe Biden. Apesar da alta do Produto Interno Bruno (PIB), taxas de desemprego extremamente baixas e inflação sob controle, o custo de vida segue alto após o choque de preços da pandemia.
A sensação da população de que uma mudança era necessária levou Trump a um novo mandato e pode ameaçar os planos de reeleição de Lula no Brasil. Há, ainda, o risco de que as eleições sejam marcadas por uma retórica extremista que tomou o país nos últimos anos.
Bolsonaro aposta nesse clima para reverter sua inelegibilidade e concorrer novamente à Presidência da República. A ideia do bolsonarismo é que o projeto de anistia para os golpistas do 8 de janeiro, que tramita na Câmara Federal, se estenda ao ex-presidente. No entanto, é muito provável que o Supremo Tribunal Federal (STF) se articule para julgar novas denúncias contra Bolsonaro ainda este ano.
Panela de Pressão
Quem vai para a Panela de Pressão desta semana é a equipe econômica do governo federal. Pressionado por especuladores financeiros, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta convencer Lula a promover um amplo corte de gastos para manter o Brasil dentro das metas fiscais.
O ministro tem tentado entregar algum ajuste ao mercado, sem impactar áreas simbólicas como saúde, trabalho e previdência, mas a eleição de Trump mostrou que o receituário liberal é antessala da catástrofe eleitoral.
O ano de 2025 seria a oportunidade do governo Lula entregar bem-estar à população, para além de PIB e emprego que estão em recuperação. Se os cortes atingirem áreas importantes, os avanços do governo podem se perder e deixar Lula sem meios de enfrentar uma extrema direita cada vez mais forte, com ou sem Bolsonaro.
Sobremesa
A Sobremesa desta semana é para quem mora em São Paulo (SP). Começa nesta semana a Feira do Livro da Universidade de São Paulo (USP). O evento ocorre todos os anos e conta com mais de 200 editoras e 150 mil títulos para garimpar.
Ao contrário das "promoções" do mercado no mês de novembro, a feira leva aos leitores desconto de verdade, em geral, com livros vendidos pela metade do preço. É possível encontrar a lista completa das ofertas no site do evento, o que permite planejar sua compra.
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O evento vai até o domingo, dia 10 de novembro. Durante o fim de semana, o horário é das 9h às 19h, no campus da USP, no bairro do Butantã, na Zona Oeste da capital paulista.
Onde assistir
O Tempero da Notícia vai ao ar todas as sextas-feiras, às 20h, no canal do Brasil de Fato no YouTube e na TVT, canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.
Moradores do estado de São Paulo podem acompanhar o programa pela Rádio Brasil Atual (98,9 FM na Capital Paulista e 93,3 FM na Baixada Santista), nos mesmos horários.
Edição: José Eduardo Bernardes