ELEIÇÕES 2024

Gestão de emendas pelo Congresso determinou avanço do centrão no Nordeste, afirma cientista política

Luciana Santana, que também é professora da UFAL, afirma que polarização entre Lula e Bolsonaro ficou em segundo plano

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Sequência de governos com base parlamentar frágeis, a exemplo do 2º governo Dilma, Temer e Bolsonaro, permitiram ao Congresso ampliar seu controle sobre o orçamento federal, através de emendas - Lula Marques/ Agência Brasil

Nos meses que antecederam as eleições deste ano, muito foi debatido sobre como a disputa entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) poderia interferir nos embates municipais, numa espécie de reflexo da “polarização” nacional. Mas, passado o 2º turno, as análises apontam para uma outra máxima das disputas nas cidades: com raras exceções, os temas municipais é que definiram as disputas.

“Eu diria que o ano de 2024 marca um retorno à pauta das disputas municipais, como a gente não via desde 2012”, opina a cientista política Luciana Santana, professora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Santana cita a capital cearense como exceção. “O caso mais surpreendente foi Fortaleza (CE), onde o PT disputou com o PL - mas não necessariamente por causa dessas duas figuras [Lula e Bolsonaro], mas porque as lideranças e os candidatos garantiram localmente essa competitividade”, diz ela. “A disputa foi muito acirrada, tal qual a eleição nacional de 2022, mas isso não significa que foi uma influência direta”, pondera.

Em entrevista para o programa Trilhas do Nordeste, a cientista política analisa o avanço do chamado centrão no Nordeste em 2024, a nova configuração política da região e o faz um balanço do pleito para as forças da esquerda. Assista à entrevista completa abaixo.

Diferente do cenário nacional, em que o PSD foi o maior vitorioso, no Nordeste foi MDB quem elegeu o maior número de prefeitos e vereadores. No ranking de gestores municipais eleitos na região, o MDB aparece com 280 prefeituras, seguido do PSD (273) e PSB (214) - este último, tendo os melhores desempenhos no Ceará e em Pernambuco.

O crescimento do centrão é retrato de um fortalecimento nacional desse grupo, que já domina o Congresso e conseguiu, através de emendas parlamentares, fazer essa influência se refletir nos municípios.

“Pelo alto grau de protagonismo do Legislativo Federal, conquistado a partir de 2020, o poder decisório do Congresso em relação a esses recursos tem feito a diferença. Esses recursos chegam nas bases e têm melhorado a situação das prefeituras aliadas. [O Congresso] É um espaço que está sendo bem utilizado estrategicamente pelos partidos do centrão”, explica a cientista política.

Partidos que compõem o centrão conseguiram se fortalecer. O PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-Alagoas), liderado em Pernambuco por Eduardo da Fonte, chegou a 24 prefeituras, sendo a 3ª sigla com mais prefeitos no estado, atrás apenas do PSDB de Raquel Lyra (32) e o PSB de João Campos (31). A lista de partidos com mais prefeitos em Pernambuco segue com o Republicanos (22), o PSD (19), o MDB (12) e o União Brasil (10), todos do centrão. Veja o gráfico abaixo.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vinícius Sobreira