A fachada da loja Oxxo da av. Cupucê, na Zona Sul de São Paulo, foi pixada com a frase: “Quanto custa a vida de um favelado?”. Foi ali que, no último domingo (3), o policial militar (PM) Vinicius de Lima Britto executou, com ao menos oito tiros, um homem negro que tentou furtar dois produtos de limpeza, na noite do último domingo (3). Morto aos 26 anos, Gabriel Renan da Silva Soares é sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, fundador do grupo Facção Central.
A ação no estabelecimento, que também pixou “Oxxo omissa – assassina” no muro, foi filmada e postada nas redes sociais. Enquanto um homem pinta as letras com um spray, um funcionário tenta intervir: “E aí sangue bom, ow. Que fita é essa?”, ao que o pixador responde: “Protestando, irmão. Mataram nosso parsa. Vocês é da quebrada, não é? Aí o patrão de vocês limpa. Nosso mano foi jogado igual bosta, vocês nem fecharam a porta, tá ligado?”.
Na última quinta-feira (7), o rapper Eduardo postou um vídeo de domingo à noite que mostra o Oxxo funcionando normalmente com o corpo de Gabriel estendido na calçada, a poucos metros da porta do mercado. Pessoas entram e saem do estabelecimento, um homem passa carregando sua sacola tranquilamente ao lado do jovem morto.
“Esse é o retrato mais fiel do quanto a sociedade é podre e do desrespeito e desprezo por nossos jovens negros! Quem é mais criminoso? Quanto vale a vida dos nossos jovens? Para essas pessoas nossas vidas não valem nada!”, escreveu Eduardo no post.
A versão registrada no Boletim de Ocorrência (B.O.) é a de que, ao ser abordado pelo policial, Gabriel teria feito menção de estar armado. O documento diz que isso “obrigou” o soldado Britto a efetuar os disparos, para “revidar possível injusta agressão”. Imagens divulgadas pelo Brasil de Fato mostram, no entanto, o policial dando tiros nas costas de Gabriel, que tentava correr. Este fato não é mencionado no B.O..
O vídeo que divulga o pixo no Oxxo começa com a imagem de uma faixa. Nela, lê-se: “8 tiros para proteger o capitalismo nunca vai ser legítima defesa - é política de extermínio”.
Edição: Martina Medina