Comunicação popular

Patricia Villegas: 'A Telesur oferece um olhar distinto sobre a América Latina em meio à ditadura dos algoritmos'

Jornalista propõe aliança entre os países do sul para criação de plataformas em que veículos populares possam competir

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A presidenta da Telesur, Patricia Villegas - Monyse Ravena/Brasil de Fato

Na noite desta segunda-feira (11), o auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo recebeu o evento "Venezuela: a mídia e o papel da Telesur", com a presidenta da emissora venezuelana Telesur, Patricia Villegas, que dirige a TV desde 2011. Jornalistas, comunicadores e ativistas estiveram reunidos para conhecer a experiência de comunicação do país vizinho. A atividade foi realizada por Barão de Itararé, ComunicaSul e Brasil de Fato.

Patrícia enfatizou que o momento conjuntural da América Latina é mais propício para debater comunicação, especialmente, a comunicação contra-hegemônica e feita a partir do Sul Global. Ela também lembrou que o grande impulsionador da Telesur foi o próprio Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela, e também como forma de resposta à tentativa de golpe no ano de 2002, que, para ela, "foi um também um golpe midiático".

"A Telesur oferece um olhar distinto sobre a América Latina, em meio a uma ditadura dos algoritmos que vivemos", analisa Patrícia. Ela aponta que os desafios da Telesur são comuns aos veículos populares do continente americano, não importando o tamanho ou a linguagem usada por cada um.

"Necessitamos plataformas próprias, um lugar exclusivo para que nossas informações possam circular. Hoje nosso conteúdo produzido a partir da Venezuela, um conteúdo de boa qualidade é silenciado pelas plataformas, não é distribuído."

A jornalista aponta a necessidade de uma aliança técnica-científica entre os países do sul para criação de novas plataformas, para que os veículos populares possam competir em igualdade com as grandes redes de comunicação.

"Precisamos fazer um esforço enorme para que nossos meios sigam nas ruas, reportando a partir do povo, mais perto de uma agenda popular. Podemos contar histórias que só nós podemos contar e aí nos diferenciamos", avalia. Patricia reforça que precisamos fazer um debate amplo sobre comunicação, com vários setores da sociedade e não só entre produtores de conteúdos, comunicadores e jornalistas.

A articulação entre veículos populares também foi tema da intervenção de Villegas, que indicou que esse é o único caminho para que a comunicação popular possa disputar hegemonia na América Latina. "Precisamos apoiar e confiar na informação produzida pelos veículos populares. Estamos numa batalha bem desigual: com menos tecnologia e menos recursos financeiros. Nossa única alternativa é seguir lutando."

A Telesur tem transmissões em espanhol e inglês. Além da América Latina e Caribe, também chega a 34 países do continente africano.

Edição: Nicolau Soares