Encontro de rivais

Xi Jinping e Biden terão reunião no Peru em meio a greve de transportadores no país

Presidentes da China e dos Estados Unidos participam do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, na capital peruana

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
xi jinping
Xi Jinping terá uma reunião bilateral com Biden no sábado (16) - Noel Celis / AFP

Os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Joe Biden, chegaram a Lima, no Peru, para participarem do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec). Os dois terão o terceiro encontro bilateral da gestão do democrata, o que pode ser o último antes da posse do presidente eleito, Donald Trump. 

A Apec tem como objetivo promover a livre troca de produtos entre os países-membros. Biden e Xi devem tratar da guerra na Ucrânia, proteção a ataques cibernéticos e a comunicação entre militares dos dois países. 

Durante a gestão do democrata, China e Estados Unidos passaram por momentos de tensão, mas não deixaram de negociar. O governo dos Estados Unidos chegou a derrubar em fevereiro de 2023 um balão chinês que sobrevoava a costa da Carolina do Sul. Antes da operação, a agência federal de aviação fechou aeroportos na região. 

Os dois governos também trocaram declarações em relação à visita da deputada republicana e então presidenta da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, a Taiwan em 2022. Pequim rejeitou o movimento da congressista e disse que aquilo era uma “provocação”. 

No entanto, Biden e Xi tiveram um encontro em novembro de 2023 em São Francisco, no qual se comprometeram a restabelecer o diálogo entre os militares. Na ocasião, eles definiram também em manter um diálogo sobre inteligência artificial e cooperação nas medidas para combater as mudanças climáticas. O chinês reforçou que os EUA precisavam parar de apoiar a “independência de Taiwan” e que repensem as medidas coercitivas unilaterais, chamadas de sanções. 

Durante a campanha eleitoral de 2024, a relação com a China também foi uma questão levantada pelos candidatos. Trump prometeu aplicar tarifas de 60% sobre todos os produtos chineses. No seu primeiro mandato, o republicano foi responsável por impor tarifas aos produtos chineses de mais de US$ 360 bilhões (mais de R$ 2 tri) . Depois disso, os dois países assinaram um acordo comercial e a China se comprometeu a comprar US$ 200 bilhões em produtos estadunidenses.

Agora, Trump já anunciou que seu secretário de Estado será Marco Rubio. Ele será responsável por orientar a política externa dos EUA e é favorável a exercer pressão sobre a China. Como senador, defendeu a ajuda a Taiwan, medidas para restringir as operações comerciais chinesas nos Estados Unidos e punições contra Pequim pela maneira como trata Hong Kong e a minoria uigur. 

Se o encontro entre os dois é carregado de tensão em torno da dúvida de como será a postura de Trump na guerra comercial que vivem EUA e China, a cúpula também acontece em meio a uma greve geral de transportadores peruanos. Manifestantes fecharam diversas estradas no país e se reuniram na capital Lima para protestar e marchar de forma pacífica. 

Essa é a segunda paralisação de transportadores peruanos em um mês. Em outubro, os peruanos fizeram uma greve geral de 72 horas para pedir medidas do governo que garantam a segurança de taxistas, caminhoneiros, motoristas de ônibus e trabalhadores do transporte em geral. Eles denunciam uma série de extorsões e assassinatos cometidos contra esses trabalhadores por grupos criminosos, que resultaram em 9 trabalhadores assassinados nessas condições. 

Segundo o governo, 5,6 mil soldados foram deslocados para operar nas estradas e 13 mil policiais estão trabalhando na capital por conta da Apec. Essa é a terceira cúpula que a cidade peruana recebe. O Congresso do país também autorizou a entrada temporária de 600 militares dos Estados Unidos para trabalhar durante a cúpula. 

As cidades de Cusco e Puno registraram, até a publicação desta reportagem, os maiores atos. Essas duas cidades são estratégicas para o acesso à Bolívia.

Os manifestantes pedem que seja derrubada a lei 32.108, que mudou a qualificação de crime organizado no país. A regulamentação foi aprovada pelo governo de Dina Boluarte e determinou que seria considerada uma organização criminosa um grupo de três ou mais pessoas “com estrutura complexa e maior capacidade operacional para a prática de crimes graves, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, o controle da cadeia de valor de uma economia ou mercado ilegal”.

Edição: Rodrigo Durão Coelho