Tribunal Popular

Brasil pode ser cúmplice de genocídio por exportar petróleo a Israel, diz advogada palestina

Rula Shadeed integra o Tribunal Popular que julga o governo de Benjamin Netanyahu pelo genocídio na Faixa de Gaza

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Manifestantes protestam contra massacre israelense no Líbano e na Faixa de Gaza, na cidade árabe-israelense de Umm al Fahm, em 15 de novembro de 2024 - AHMAD GHARABLI / AFP

O Tribunal Popular constituído por movimentos populares de todo o mundo presentes no G20 Social julgará nesta sexta-feira (15) o genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza – corroborando o posicionamento de mais de 50 países que aderiram à ação da África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ). 

O massacre cometido por Israel contra a população palestina representa o principal desafio para a condução do Brasil na presidência do G20 que acontece entre segunda (18) e terça-feira (19) no Rio de Janeiro (RJ). O julgamento desse crime no Tribunal Popular pressionará o governo de Luiz Inácio Lula da Silva por posições concretas contra o regime de Israel. 

Apesar de já ter classificado a ofensiva militar comandada pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de genocídio, o governo brasileiro pode ser considerado cúmplice desse crime, caso mantenha a exportação de petróleo para Israel. Essa é a perspectiva da advogada palestina Rula Shadeed, responsável por apresentar essa causa perante o júri popular do G20 social

“Apesar das declarações do presidente Lula, o Brasil ainda está exportando petróleo bruto para o Estado colonial israelense, muito usado para produzir o combustível necessário para muitas máquinas armadas que estão sendo usadas em Gaza, seja combustível de jato ou combustível para tanques e assim por diante. Portanto, isso está muito ligado ao atual genocídio em andamento”, disse ao Brasil de Fato

Em agosto, uma pesquisa encomendada pela organização sem fins lucrativos Oil Change International, revelou que o Brasil é responsável por 9% do total de petróleo bruto fornecido a Israel e aponta que o embargo em relação ao petróleo ajudaria a promover um cessar-fogo na região.

Na quarta-feira (13), uma coalizão liderada por organizações palestinas apresentou na COP29 - a Conferência para o Clima da ONU - um pedido ao Brasil, à África do Sul e à Turquia para cessarem o fornecimento de gás e energia a Israel, a exemplo do que fez o governo da Colômbia. 

Diretora da organização Palestine Institute for Public Diplomacy - PIPD (Instituto Palestinos para Diplomacia Pública), instituição da sociedade civil palestina com sede em Ramallah, Shadeed defende o embargo de armas e combustíveis a Israel como uma ação urgente diante do agravamento da situação humanitária no norte da Faixa de Gaza. 

“Nas últimas cinco semanas, temos visto o cerco, a situação inacreditável e o fim de qualquer ajuda humanitária à parte norte da Gaza, e isso acontece porque países como o Brasil e a Turquia, que são muito claros sobre o genocídio, não tomaram medidas.” 

Um comitê especial da Organização das Nações unidas (ONU) declarou na quinta-feira (14), que os métodos de guerra utilizados por Israel na Faixa de Gaza "correspondem às características de genocídio." "As autoridades israelenses têm apoiado publicamente políticas que privam os palestinos das necessidades vitais mais básicas", incluindo alimentos, água e combustível, diz o informe do comitê. 

Edição: Lucas Estanislau