O combate à extrema direita e a defesa de pautas de interesse da classe trabalhadora estão no foco de cerca de 4 mil jovens que se reúnem até este domingo (17) no IV Acampamento do Levante Popular da Juventude, no Rio de Janeiro (RJ). No cardápio das reivindicações, o grupo escolheu como um dos destaques o fim da jornada de trabalho 6x1, caracterizada por um dia de folga a cada seis dias trabalhados, tema que está em debate no Congresso Nacional. O evento ocorre na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“As nossas principais demandas são as que tratam principalmente do direito do trabalho, e isso reverbera muito no ponto da escala 6x1, que é uma pauta que está em voga, está efervescente. É uma pauta muito pulsante e sobre a qual a gente tem falado muito no nosso acampamento, nas mesas de análise de conjuntura, assim como a pauta do enfrentamento à extrema direita, que, pra nós, é o nosso principal desafio. Esse é um consenso que a gente tirou dos nossos seminários, de reunião com as nossas militâncias, e no acampamento essa tem sido a nossa linha de atuação diante da conjuntura brasileira”, afirma Marta Gomes, militante do Levante.
O encontro escolheu para este ano o lema “Juventude quer viver: nossa luta é pelo povo no poder”, a partir do qual os jovens têm debatido desde a última quinta (14) a organização da luta popular nos diferentes espaços da vida social e os seus principais desafios. O roteiro de discussões e demandas dos participantes tem incluído também a defesa da taxação dos super-ricos, tema em discussão entre os países integrantes do G20, e o fim do extermínio da juventude negra. “A gente também incorpora a luta internacionalista e defende uma Palestina livre e soberana. Essa é uma das nossas preocupações”, acrescenta Marta Gomes.
Neste sábado, um dos destaques da programação do acampamento é a participação de integrantes do evento na “Marcha dos Povos – Palestina Livre do Rio ao Mar. Fora, Imperialismo!”, realizada na primeira parte do dia e no âmbito da programação do G20 Social, no Rio de Janeiro (RJ). O Levante Popular da Juventude levou para as ruas cerca de 3 mil pessoas do acampamento.
“Estamos aqui junto dos movimentos populares pra denunciar o extermínio da juventude, que acontece em todo o mundo. Se na Palestina eles ‘genocidam’ os jovens e as crianças, aqui no Brasil as mesmas armas nos matam nas periferias. ‘Levante pela vida da juventude’ é o recado do Levante nesta marcha de hoje, mas não só. A marcha acontece no terceiro dia do nosso evento e queremos dar um recado pra juventude de todo o Brasil: a transformação da realidade só será possível com juventude organizada nas ruas, fazendo luta popular”, brada a militante do Levante Daiane Araújo, também vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Domingo
Para o último dia de evento, o IV Acampamento do Levante Popular da Juventude prepara uma atividade com a médica cubana Aleida Guevara, filha do guerrilheiro argentino Che Guevara, além da formulação de uma carta-compromisso dirigida à sociedade brasileira para abordar a mensagem política que os 4 mil jovens do acampamento gostariam de passar para o conjunto da população.
“Em todos os nossos acampamentos a gente aponta a linha política da organização pro próximo período e a renovação do movimento, apontando para a inauguração de um outro ciclo. A carta-compromisso vai ser a tradução da nossa mensagem política, que vai trazer uma síntese dos debates que a gente construiu no acampamento. A gente espera que, ao final [do evento], a juventude volte pra casa com a sua mística renovada, tendo aprendido algo também com a história e o acúmulo da Aleida Guevara”, afirma Marta Gomes. Ela acrescenta que também no último dia do evento serão apresentadas aos militantes do acampamento a nova coordenação nacional do Levante e a nova direção do movimento em cada estado do país.
Edição: Raquel Setz