Contra o racismo

Fim da escala 6x1 e luta contra o genocídio negro marcam Marcha da Consciência Negra em SP

21ª edição foi da avenida Paulista ao Teatro Municipal; entidades celebram data como feriado nacional pela primeira vez

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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21ª Marcha da Consciência Negra ocupou o centro de São Paulo nesta quarta-feira (20) - Kaique Santos/Brasil de Fato

Sob o lema “Palmares de pé, racismo no chão. Zumbi e Dandara vivem em nós!”, manifestantes caminharam da avenida Paulista ao Teatro Municipal, na região central de São Paulo (SP), durante a 21ª Marcha da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20). O apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a escala de trabalho 6x1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), foi o grande destaque do ato, que também exigiu o fim do genocídio negro no Brasil e celebrou o 20 de novembro como feriado nacional pela primeira vez.

Além da própria Erika Hilton, outras parlamentares estiveram presentes na marcha, entre elas, a deputada estadual Ediane Maria (Psol-SP), 1ª trabalhadora doméstica a ser eleita na Alesp. Ediane destacou que as suas colegas de profissão seguem "trancadas em casas de família". “Derrubar a escala 6x1 é lutar por dignidade”, afirmou, argumentando como isso beneficiaria a categoria a qual pertence. 

Eleita vereadora em São Paulo pelo Psol, Amanda Paschoal também destacou a necessidade de pôr fim à atual jornada de trabalho prevista pela CLT, em benefício à população negra. “Essa escala exploratória precisa acabar. Seguiremos articulados, aquilombados, ocupando a rua, o Parlamento e todos os espaços de poder para garantir um futuro brilhante que toda a comunidade negra merece.” 


Ato pediu o fim da escala 6x1, que tem como principal prejudicada a população negra / Kaique Santos/Brasil de Fato

Genocídio da população negra

A violência policial e o encarceramento a população negra foram outros destaques nos discursos durante o ato. Números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública foram citados por Edmar Silva, dirigente sindical da Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (FETE-SP) e militante do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). 

“Em 2022, foram assassinadas 47.508 pessoas pela Polícia Militar, 83,1% são homens negros", alertou. “É preciso colocar no fim do genocídio da população nega.”

A vereadora eleita Keit Lima (Psol) destacou a importância do Dia da Consciência Negra celebrado pela primeira vez como feriado em todo o Brasil. "É um dia da gente celebrar todos que pavimentaram esse caminho, mas também de lembrar que a desigualdade desse país tem cor, a matança e o genocídio da população negra. São os nossos homens negros que estão encarcerados e são assassinados pelo Estado", diz.

“É um dia também de luta e de compromissos para a gente construir um país onde as pessoas possam viver porque quando a gente está lutando contra o racismo, a gente está construindo um país para que todo mundo possa ter seus direitos garantidos”, completou ela.

Movimento Negro Unificado (MNU), Marcha das Mulheres Negras, Coalizão Negra por Direitos e Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen) foram algumas das entidades que marcaram presença no evento. A marcha contou ainda com apresentação de manifestações culturais como roda de capoeira e a bateria do grupo Ilú Oba de Min.

Edição: Martina Medina