Novos ataques?

Venezuela denuncia ataque organizado pela oposição contra distribuidora de gás

Segundo a vice, opositora María Corina Machado foi responsável pelos ataques e fugiu para a Colômbia

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Delcy Rodríguez (centro) deu declarações à imprensa ao lado do presidente da PDVSA, Hector Obregon (à esquerda), e dodiretor de segurança da PDVSA, Asdrúbal Brito (à direita) - Prensa Presidencial

A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, denunciou nesta segunda-feira (18) novas tentativas de sabotagem ao setor energético do país. Em pronunciamento à imprensa, ela afirmou que os planos de ataque à distribuição de gás foram organizados pelo empresário Erik Prince e pela ex-deputada de extrema direita María Corina Machado. 

Segundo Delcy, as autoridades venezuelanas conseguiram desmobilizar um plano de ataques a um centro de distribuição de gás da estatal de petróleo e gás venezuelana PDVSA. Segundo ela, foram registrados ataques em 11 de novembro ao gasoduto Muscar-Soto, no estado de Monagas. Os novos planos de ataques iriam acontecer em diferentes pontos de distribuição de gás da empresa e, segundo a vice, afetaria 80% da distribuição. 

A vice-presidente, no entanto, não apresentou as provas que vinculam Prince e Machado aos novos atentados. Ela disse somente que os ataques tinham como objetivo atingir o Sistema Nacional Elétrico e gerar prejuízo financeiro ao país. Ela apresentou imagens de explosões em diferentes centro de distribuição de gás e refino de petróleo. 

Em um deles, no Cais Norte da PDVSA, no estado de Zulia, teria sido registrada uma explosão para impedir o fornecimento de energia ao Complexo de Refino de Paraguaná. Em outra gravação, Delcy apresentou um incêndio no Complexo Industrial José Antonio Anzoátegui, no estado de Anzoátegui, para prejudicar o fornecimento de combustível. Os dois ataques teriam sido realizados em 10 e 11 de novembro.

Delcy afirmou também que as operações criminosas tiveram um impacto de US$ 157 milhões (R$ 908 milhões aproximadamente) aos cofres públicos. Durante a declaração, Delcy afirmou que María Corina Machado é uma das responsáveis pelos planos, mas que a ultraliberal deixou o país e está vivendo na Colômbia.

Ela citou também ataques recentes ao sistema elétrico venezuelano. O último deles foi registrado em 30 de agosto e deixou todos os 24 estados do país sem luz.  Denúncias de planos de ataques ao sistema elétrico vêm sendo registradas pelo governo desde antes das eleições presidenciais de 28 de julho.

O próprio ministro do Interior, Diosdado Cabello, já havia denunciado uma tentativa de ataque contra a linha 765 do sistema elétrico nacional, que abrange os estados de Zulia, Táchira, Mérida e Barinas, na região oeste da Venezuela.

Delcy deu as declarações ao lado do presidente da PDVSA, Héctor Obregón. Ele assumiu a empresa em agosto, depois de uma reforma ministerial promovida por Maduro, que deslocou a vice Delcy do Ministério da Economia para o Ministério do Petróleo.

Quem é Erik Prince?

Um dos organizadores dos planos indicados por Delcy Rodríguez é o empresário Erik Prince. Ele é fundador da Blackwater, uma empresa militar privada que forma mercenários para atuar dentro e fora dos Estados Unidos. Ex-militar da Marinha, Prince participou de diferentes operações no Oriente Médio e manifesta seus interesses políticos em outros países.

Em 2019, ele foi responsável por burlar o embargo contra a entrada de armas na Líbia e entrou com helicópteros e outros equipamentos militares fabricados pelos EUA na Jordânia para um ex-comandante que queria dar um golpe no país. Khalifa Hifter era um cidadão estadunidense e ex-agente da Agência de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) que queria derrubar o então governo.

Prince fundou a empresa em 1997 e vendeu a companhia em 2010, depois de contratar mercenários que mataram 17 iraquianos em Bagdá, em 2007.

Com todo esse currículo, Prince é não só um apoiador do presidente eleito Donald Trump, como também manifesta interesse na situação da política venezuelana. Nas redes sociais, ele se manifesta contra o governo de Nicolás Maduro. Depois das eleições de 28 de julho, que tiveram como vencedor o chavista para um terceiro mandato, Prince chegou a afirmar que era preciso “aumentar a recompensa” pela prisão do presidente venezuelano. 

“Se Kamala [Harris] e [Joe] Biden querem apoiar a liberdade e eleições legítimas na Venezuela, deveriam aumentar as recompensas para US$ 100 milhões por cada um destes criminosos já procurados. Nicolás Maduro, Diosdado Cabello e todos os outros do seu cartel. Então, sente-se e observe a mágica acontecer. Você pode até pagar com dinheiro congelado do regime que já está nos bancos dos EUA”, afirmou.

Em setembro, ele apoiou um movimento chamado Ya Casi Venezuela, que pretendia derrubar o governo de Nicolás Maduro depois das eleições. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho