Petróleo no Amapá

MPF cobra estudos da Petrobras para explorar foz do Amazonas, sob risco de anular licenciamento

O órgão recomenda que o Ibama exija, entre outros, estudos sobre o tempo de resposta para acidentes

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
MPF aponta risco de licenciamento apressado com estudo ambiental superficial - Tânia Rêgo / Agência Brasil

O Ministério Público Federal (MPF) considera imprescindível que a Petrobras apresente novos estudos sobre o plano de exploração de petróleo na foz do Amazonas, no Amapá, para que possa avançar com o licenciamento ambiental.  

Nesta quinta-feira (21), o MPF protocolou recomendação ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para que solicite a complementação de informações.

O órgão defende ser necessário exigir os estudos sobre o tempo de resposta para acidentes e a modelagem de dispersão de óleo, bem como a identificação de fenômenos meteorológicos extremos. À Petrobras, o MPF recomenda o cumprimento das exigências da autarquia. Ambas as entidades têm 15 dias para apresentar respostas. 

De acordo com o MPF, as novas informações por parte da Petrobras devem ser requisito para a concessão da licença de operação. O documento ressalta, ainda, que as exigências foram estabelecidas em 2013 "e são de pleno conhecimento da Petrobras, desde que assumiu a titularidade do processo, em 2020". Assim, um questionamento a elas configuraria "ameaça de lesão à legalidade, à boa-fé processual e à segurança jurídica". 

O procedimento administrativo para obter a licença de perfurar os poços de petróleo já dura mais de uma década. O prolongamento “não razoável do processo” pode configurar ameaça ao meio ambiente, o que permite que o MPF ajuíze uma ação que o anule.  

Caso a eventual exploração não seja feita de forma adequada, considera o MPF, "há o risco de repetição do que já se observou em grandes empreendimentos anteriores no Amapá: licenciamentos apressados, com estudos ambientais superficiais, resultantes em diversos danos socioeconômicos até então desconhecidos e ora majoritariamente irreversíveis". 

"Exatamente por experiências como essas, em que se evidencia que o remédio adequado é dificílimo, deve-se priorizar a lógica da precaução", afirma o procurador da República responsável pelo caso, João Pedro Becker Santos. 

Edição: Thalita Pires