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COP29 tem impasse sobre financiamento climático por países ricos e adia acordo para este sábado (23)

Rascunho da resolução sugeriu 250 bi de dólares em recursos por ano, abaixo da cifra de 1,3 trilhão que era esperada

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Ativistas durante protesto dentro do local da COP29, no Arzebaijão, para exigir que os países ricos forneçam financiamento climático aos países em desenvolvimento - Laurent Thomet / AFP

A falta de consenso sobre o valor do fundo global de financiamento climático levou à prorrogação do acordo final da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), realizada o Azerbaidjão, para este sábado (23). O encontro que ocorre na capital do país, Baku, seria encerrado na sexta-feira (22).

Em números, o impasse na principal meta da cúpula esbarra na proposta de US$ 250 bilhões de dólares anuais até 2035, feita pelos países mais ricos -- e mais poluentes, diante da expectativa da cifra US$ 1,3 trilhão anual recomendada por economistas consultados pela Organização das Nações Unidas (ONU).

"Essa proposta é uma afronta às populações mais afetadas pela crise climática", afirmou Juan Carlos Monterrey, negociador do Panamá.   

Outro ponto de divergência é a responsabilidade entre as nações pela contribuição ao fundo. Estados Unidos e União Europeia pressionam para que a China participe como doadora. Pequim, por sua vez, afirma que permanecerá contribuindo de forma voluntária, mantendo sua posição como país em desenvolvimento.  

Rascunho do acordo deixa combustíveis fósseis fora 

Além do financiamento, o rascunho não aborda a transição dos combustíveis fósseis, um tema central das últimas conferências. Países produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, se opõem a qualquer menção explícita à redução do uso de combustíveis fósseis no texto final.  

Durante as negociações deste sábado, as delegações dos pequenos Estados insulares e de países menos desenvolvidos abandonaram uma reunião com a presidência azeri da COP29 em protesto contra o projeto de acordo que estava sendo preparado.

"Consideramos que não fomos ouvidos", declarou Cedric Schuster à AFP, enviado de Samoa em nome da aliança dos pequenos Estados insulares (Aosis).

A incapacidade de definir um acordo robusto em Baku intensifica a pressão sobre a COP30, marcada para 2025 no Brasil, onde se espera que os países avancem em compromissos nítidos e estratégias efetivas para combater a crise climática.  

A COP29 também ocorre em um contexto do aumento global da temperatura média, que ultrapassou 1,5 ºC em 2023, segundo dados do observatório Copernicus, e em meio a eventos climáticos extremos, que intensificam os impactos da crise em todo o mundo.

Com AFP

Edição: Geisa Marques