Quem vence?

Uruguaios vão às urnas em eleições que podem levar aliado de Pepe Mujica ao poder

Yamandú Orsi, de esquerda, é ligeiramente favorito nas pesquisas e enfrenta a coalizão de direita de Álvaro Delgado

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Apoiadores do candidato de esquerda Yamandú Orsi durante comício do candidato - DANTE FERNANDEZ/AFP

Milhões de uruguaios vão às urnas neste domingo (24) para decidir o próximo presidente do país que governará entre 2025 e 2030. Foram para este segundo turno Yamandú Orsi, candidato da coalizão de esquerda Frente Ampla, e Álvaro Delgado, do Partido Nacional.

Yamandú Orsi é apoiado pelo ex-presidente José "Pepe" Mujica e obteve o maior número de votos no primeiro turno, realizado em 24 de outubro. O candidato de esquerda conquistou 43,9% dos votos e, agora, aparece com uma leve vantagem nas pesquisas antes do pleito de domingo, que se mostra acirrado.

Álvaro Delgado, candidato da coalizão do atual governo, recebeu 26,7% dos votos. Delgado é ex-secretário da Presidência do atual presidente de direita, Luis Lacalle Pou.

Além da votação para a Presidência no primeiro turno, os uruguaios também definiram os 30 senadores e 99 deputados que ocuparão as cadeiras pelos próximos anos.

Sucessor de Mujica

Yamandú Ramón Antonio Orsi Martínez, 57 anos, é apadrinhado pelo popular ex-presidente Mujica. Nasceu na zona rural, em uma casa sem luz, e cresceu na pequena cidade de Canelones, onde estudou em escola pública. 

Em 1991, formou-se professor de História e lecionou em escolas de Ensino Médio do interior até 2005, quando iniciou sua carreira no governo de Canelones, primeiro como secretário-geral por quase 10 anos e depois como prefeito por dois mandatos.

Ele renunciou ao cargo para disputar as internas partidárias de junho, que venceu com mais de 60% dos votos, superando em muito a ex-prefeita de Montevidéu Carolina Cosse, que contava com o apoio de comunistas e socialistas e se tornou sua companheira de chapa. 

Quando jovem, Orsi cuidava da loja de seus pais, foi coroinha na Igreja Católica e dançarino de folclore. Em 1989, aderiu ao Movimento de Participação Popular fundado por Mujica. Ele foi casado duas vezes, a última com a mãe de seus filhos gêmeos de 11 anos.

Com perfil moderado, diz que se prepara para ser presidente há muito tempo. No entanto, não apresentou um plano de governo antes das eleições, o que suscitou críticas. Ele também foi questionado por não participar de debates ou conceder entrevistas a diversos veículos de comunicação.

Orsi pode ser o responsável por levar a Frente Ampla de volta ao poder no Uruguai após a esquerda perder o governo em 2020 para a coalizão de direita liderada por Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional. A mudança marcou o fim da chamada “onda rosa” de 15 anos no Uruguai, como foi chamado o período da América Latina com grande ascensão das lideranças de esquerda.

Embora o atual governo tenha uma orientação neoliberal e defenda a redução do papel do Estado na sociedade, Lacalle Pou não conseguiu revogar diversas conquistas alcançadas durante os anos de governos progressistas.

Lado a lado com Lacalle Pou

Antes de trabalhar com o atual presidente, com quem viajou pelo país arquitetando um projeto político, Álvaro Luis Delgado Ceretta, 55 anos, foi inspetor-geral do Trabalho, deputado por Montevidéu e senador.

Entrou para a política após trabalhar como produtor rural e veterinário em estabelecimentos agropecuários. Nascido em Montevidéu, Delgado foi educado em escolas católicas.

Durante a campanha, ele foi chamado de "homem das cavernas" e "cafona" por chamar sua candidata a vice-presidente, a ex-líder sindical Valeria Ripoll, de "bombom". O episódio motivou críticas de eleitores e nas redes sociais. Alegou, mais tarde, ter sido um "erro" e uma "brincadeira infeliz".

Edição: Lucas Estanislau