feminismo negro

Larissa Luz: 'Não virou moda ser preto, nós conquistamos isso'

Artista está em temporada em SP com musical Torto Arado, adaptação da obra premiada de Itamar Vieira Jr.

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Cantora participou do Festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, na Praça Mauá, durante o G20 Social - Fernando Frazão/Agência Brasil

Vivendo o glamour de mais uma estreia de casa cheia, Larissa Luz sente um orgulho extra por proporcionar isso garantindo o protagonismo de mulheres pretas. A artista protagoniza o musical Torto Arado, adaptação da obra premiada de Itamar Vieira Junior. O espetáculo estreou em São Paulo (SP) na semana passada e segue até dia 15 de dezembro, porém os ingressos estão esgotados.  

Antes de Torto Arado, Larissa Luz esteve à frente de Elza, musical que homenageou a cantora falecida há dois anos. “Eu fico muito atenta para aprender com todas essas mulheres, personagens, personagens fictícias, personagens da vida real, que passam pela minha vida porque elas deixam muitas marcas positivas”, explica em entrevista ao Brasil de Fato.  

Para Larissa Luz, não é à toa que tantas produções artísticas ou da publicidade têm colocado mulheres negras como destaque. “O feminismo negro aconteceu de uma forma que, hoje, é uma grande realidade. Eu sinto que, sim, nós tivemos um avanço, uma progressão do fortalecimento desse conceito do feminismo negro, da interseccionalidade, de entender as particularidades das mulheres negras dentro do feminismo”, diz. “E acho que isso não é moda, sabe? Não acho que está na moda agora ser preto, não acho que é isso. Acho que a gente conquistou isso, dando passos e passos e passos.” 

A artista cita avanços importantes na sociedade de forma geral, inclusive na consolidação de política públicas, como as cotas, que têm possibilitado ver, cada vez mais, intelectuais negras em lugar de destaque. "Eu vejo as pensadoras, as intelectuais negras muito mais livres e com muito mais espaço hoje do que antigamente."

Porém, ela defende a necessidade de garantir ainda mais presença destes corpos em locais de destaque e respeito. “Quando a gente começa a falar sobre representatividade, sobre aumentar o número de mulheres negras nas TVs, nas revistas, nas imagens, é importante, porque a revolução é estética, é importante a materialização dos nossos sonhos, visualmente falando, isso tem um impacto.” 

"Isso, para mim, está posto. A gente realmente andou em relação a isso. A gente tem muita coisa, claro, para destrinchar, para esmiuçar, para resolver, mas acho que a gente ter conseguido fazer esse recorte foi muito importante para o movimento."


À esquerda, Larissa Luz como Bibiana, ao lado de Lilian Valeska, que interpreta Donana, e Bárbara Sut, que faz Belonísia no musical Torto Arado / Foto: Caio Lirio

No início do ano que vem, Larissa Luz lança seu novo trabalho de música, Fio Pavio, que combina elementos de amapiano, gênero musical sul-africano, samba, reggae e rock, “tendo como plano de fundo um carnaval distópico”, explica a artista. 

Já na próxima semana, dia 27, três faixas do trabalho serão lançadas para o público na internet. Quem esteve no Festival Afropunk, em Salvador, já ouviu as faixas na apresentação que Larissa Luz fez. 

O novo EP é produzido por Rafa Dias (RDD), integrante e idealizador do grupo ÀTTOOXXÁ, e conta com a arte de capa assinada pelo artista visual Bruno Zambeli. 


Musical Torto Arado teve ingressos esgotados antes da estreia / Foto Caio Lírio

Edição: Martina Medina