PAUSA NA MATANÇA

Israel aceita cessar-fogo com o Hezbollah no Líbano; ministro quer reduzir população de Gaza à metade

A ofensiva israelense já matou pelo menos 3.799 pessoas no Líbano e deixou 15.699 pessoas feridas desde outubro de 2023

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A fumaça paira sobre os subúrbios ao sul de Beirute após um ataque aéreo israelense em 26 de novembro de 2024, em meio à guerra em curso entre Israel e o Hezbollah - Fadel ITANI / AFP

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta terça-feira (26) que concordou com um cessar-fogo de dois meses com o Hezbollah no Líbano. O acordo foi enviado ao gabinete para aprovação, enquanto o bombardeio pesado continua e as baixas aumentam.

"Se o Hezbollah violar o acordo e tentar se rearmar, nós atacaremos. Se eles tentarem renovar as atividades terroristas perto da fronteira, nós atacaremos. Se lançarem um foguete, cavarem um túnel ou trouxerem um caminhão com mísseis, nós atacaremos", disse Netanyahu durante o anúncio pela TV israelense.

As forças de Israel realizam mais ataques aéreos em Beirute, capital do Líbano, depois de matar pelo menos 31 pessoas em 24 horas. O Hezbollah também retomou os disparos de foguetes contra Israel. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, pediu nesta terça-feira (26) à comunidade internacional que "aja rapidamente" para "implementar imediatamente" o cessar-fogo que Israel indicou que aprovaria "durante a noite".

"Apelamos à comunidade internacional para agir rapidamente para pôr fim a esta agressão e implementar imediatamente um cessar-fogo", afirmou Mikati em um comunicado.

Os ataques israelenses ao Líbano se intensificaram após quase um ano de trocas de tiros transfronteiriças limitadas. O grupo libanês diiz apoiar ao Hamas após o ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel, que desencadeou o genocídio em Gaza.

A ofensiva israelense matou pelo menos 3.799 pessoas no Líbano e deixaram 15.699 pessoas feridas desde outubro de 2023. Do lado israelense, as hostilidades mataram pelo menos 82 soldados e 47 civis, segundo as autoridades.

Os Estados Unidos, principal apoiador de Israel, lideraram os esforços de cessar-fogo no Líbano juntamente com aliados, incluindo a França. Mas vetaram, na última quarta-feira (20), um projeto de resolução das Nações Unidas para um cessar-fogo “imediato, incondicional e permanente” na Faixa de Gaza, que deveria "ser respeitado por todas as partes”, e “a libertação imediata e incondicional de todos os reféns” segundo o rascunho do texto, ao qual a AFP teve acesso. 

Na Faixa de Gaza, as forças israelenses mataram 11 palestinos em três ataques ao norte do enclave nesta terça, enquanto a chuva forte e a subida das marés agravam a situação dos palestinos desabrigados em tendas improvisadas. O genocídio de Israel em Gaza matou pelo menos 44.249 palestinos e feriu 104.746 desde 7 de outubro de 2023. Pelo menos 1.139 pessoas foram mortas em Israel durante os ataques liderados pelo Hamas naquele dia, e mais de 200 foram levadas em cativeiro.

Plano para Gaza

O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, disse nesta terça-feira (26) que Israel deveria "conquistar" a Faixa de Gaza e reduzir pela metade a população palestina com a "emigração voluntária".

"Podemos e devemos conquistar a Faixa de Gaza, não devemos ter medo desta palavra", disse Smotrich em um simpósio organizado pelo Conselho Yesha, uma organização que representa os colonos na Cisjordânia ocupada.

"Não há dúvida de que em Gaza, com a promoção da emigração voluntária, existe, na minha opinião, uma oportunidade única que se abre com a nova administração" de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, acrescentou o ministro.

"Podemos criar uma situação em que, dentro de dois anos, a população de Gaza será reduzida pela metade", acrescentou Smotrich, que lidera o Partido Sionista Religioso, de extrema direita.

*Com Al Jazeera e AFP

Edição: Leandro Melito