DO RIO AO MAR

Protestos contra o genocídio em Gaza marcam dia internacional de solidariedade ao povo palestino

Ataques aéreos israelenses se intensificam em Gaza após o início do cessar-fogo no Líbano

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Mulheres em protesto pelo fim do genocídio em Gaza em frente ao escritório das Nações Unidas (ONU) em Teerã no dia 22 de novembro
Mulheres em protesto pelo fim do genocídio em Gaza em frente ao escritório das Nações Unidas (ONU) em Teerã no dia 22 de novembro - Reprodução/AFP

A partir desta sexta-feira (29), data em que é celebrado o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, manifestações contra o genocídio praticado por Israel contra a população palestina na Faixa de Gaza acontecerão em todo o mundo durante o final de semana.

A data é lembrada desde 1977 para lembrar a Resolução 181 sobre a Partilha da Palestina, adotada pela Assembleia Geral da Organização da Organização das Nações Unidas (ONU) em 29 de novembro de 1947.

O texto da Resolução da Partilha prevê o estabelecimento na Palestina de um “Estado judeu” e um “Estado árabe” com Jerusalém sob um regime internacional especial. Dos dois Estados a serem criados sob esta resolução, apenas Israel foi contemplado.

Na quinta-feira (28), os habitantes de Gaza descreveram um “filme de terror da vida real” no norte da Faixa de Gaza, enquanto os ataques aéreos israelenses continuavam no território palestino, um dia após o início de um cessar-fogo no vizinho Líbano.

Prometendo impedir o Hamas de se reagrupar no norte de Gaza, Israel iniciou em 6 de outubro uma intensa operação aérea e terrestre em Jabalia e depois a expandiu para Beit Lahia.

“Estamos vivendo em um filme de terror da vida real, a situação é indescritível, os bombardeios israelenses não param, nem no ar nem no solo”, disse à AFP Umm Ahmad Lubbad, 52 anos, de Beit Lahia. 

Hossam Abu Safiyeh, diretor do Hospital Kamal Adwan, no norte do país, descreveu a situação como “trágica e muito difícil”. “A ocupação (Israel) não permite que nada seja trazido para a área. Os alvos não pararam ao redor do hospital”, disse.

O hospital é um dos dois únicos que ainda estão funcionando, e apenas parcialmente, na região ao norte da Cidade de Gaza. Os hospitais no território palestino foram atingidos várias vezes desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque sem precedentes do grupo militante a Israel em 7 de outubro de 2023.

Uma investigação da ONU divulgada em outubro acusa Israel de atacar intencionalmente instalações de saúde, como hospitais, tendas de atendimento e de matar integrantes de equipes de Saúde em Gaza. Em novembro, um comitê especial da ONU declarou que os métodos de guerra utilizados por Israel na Faixa de Gaza "correspondem às características de genocídio" e que as autoridades israelenses "têm apoiado publicamente políticas que privam os palestinos das necessidades vitais mais básicas", incluindo alimentos, água e combustível.

Na quinta-feira (28) manifestantes pró-Palestina interromperam o desfile do Dia de Ação de Graças em Nova York para protestar contra o genocídio e pedir o embargo de armas a Israel foram detidos pela polícia estadunidense. Em São Paulo (SP), o Armazém do Campo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realizou o "Sarau Palestina Livre", com atividades culturais e gastronômicas para celebrar a data.

Confira a agenda de protestos do final de semana:

Brasil

Na sexta-feira (29) em São Paulo, o restaurante Al Janiah terá atividades a partir das 19h relacionadas à data. Às 20h acontecerá no espaço uma mesa de debate com a participação de Ahmad Sa´di (convidado internacional, professor e pesquisador palestino), Arlene Clemesha (USP), Reginaldo Nasser (PUC-SP), Mohamad el Kadri (Fórum Latino-Palestino), Soraya Misleh (Frente Palestina SP), Rawa Al Sagheer (Samidoun), Daniela Fajer (Vozes Judaicas por Libertação), Bruno Huberman (Vozes, a confirmar).

No sábado (30), uma marcha se reunirá na Avenida Paulista a patir das 15h em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) para pedir o rompimento das relações entre o Brasil e a ocupação israelense, o fim do genocídio em Gaza e o apoio à resistência palestina.

"Hoje estamos vendo o massacre e a limpeza étnica contra o povo palestino diante de nossos olhos tomando proporções ainda mais violentas. O que nossos pais e avós viveram em 1947 e 1948 continua até hoje, porém dessa vez trata-se de um genocídio televisionado", diz a convocatória do ato.

No domingo (1), uma manifestação Manifestação em Apoio ao Líbano e à Palestina será realizada a partir das 10h na Praça da Paz em Foz do Iguaçu (PR), organizada pelo Comitê Municipal de Apoio à Palestina e Centro Brasileiro de Solidariedade Aos Povos e Luta Pela Paz (Cebrapaz), entre outras organizações locais.

Portugal

Na sexta-feira (29), uma manifestação está convocada para as 18h em frente à Embaixada de Israel, em Lisboa. Em Braga, haverá nessa data uma Celebração da Cultura Palestina na Vigília Semanal das 22h às 0h em frente à Brasileira.

No sábado (30), a concentração está marcada para as 15h no Largo do Camões, - Contra a Impunidade, pela Justiça, Palestina Sempre.


 

 

Edição: Leandro Melito