Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, é alvo de ataques de grupos armados que, segundo organização de direitos humanos que atua no país, tomaram totalmente o controle do local. O conflito, que escalou desde a última sexta-feira (29), marca uma nova etapa de uma guerra civil em andamento desde 2011.
As milícias que atacaram a cidade são contrárias ao regime chefiado pelo presidente Bashar al-Assad. Os grupos tinham sido expulsos de Aleppo entre 2016 e 2017 pelas forças governistas, que contam com apoio do Irã e da Rússia.
Segundo a organização Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR, na sigla em inglês), citada pela agência de notícias AFP, o ataque foi realizado pelo grupo Hayat Tahrir al Sham, vinculado à Al-Qaeda, com apoio de outras facções rebeldes aliadas.
O SOHR contabiliza mais de 320 mortes desde o início da ofensiva, sendo ao menos 44 civis. Esta é a primeira vez que Aleppo saiu do controle do regime sírio, segundo a organização.
Entre os locais tomados pelos rebeldes estão o aeroporto da cidade e o consulado do Irã. Em comunicados divulgados por seus dirigentes, os rebeldes confirmam a ofensiva. Um dos grupos envolvidos afirma que a ação foi facilitada devido a baixas militares das forças apoiadas pelo Irã em meio a conflitos com Israel.
A Rússia respondeu aos ataques rebeldes com o primeiro bombardeio realizado em território Sírio desde 2016. O Kremlin informou que os caças atingiram integrantes dos grupos armados e arsenais.
O Irã, por sua vez, reforçou o apoio ao governo sírio. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, embarcou neste domingo (1º) para a capital da Síria, Damasco, e afirmou que "o exército sírio vencerá novamente esses grupos terroristas, como no passado", segundo a agência de notícias estatal Irna.
A guerra civil na Síria não registrava confrontos nesse nível desde 2020, quando foi assinado um cessar-fogo com anuência da Rússia e da Turquia (que apoia parte dos grupos rebeldes). O governo turco pediu, agora, que os ataques sejam interrompidos.
Os episódios tiveram reações, também, de países do Ocidente (opositores de Al-Assad), como a França, que pediu uma trégua; e os Estados Unidos, que afirmaram que a perda do controle de Aleppo aconteceu devido à "dependência" síria da Rússia e do Irã.
Edição: Rodrigo Chagas