NEPOTISMO

Em fim de mandato Biden indulta o próprio filho; Trump também indultou parente em seu governo

Apesar de criticar a postura do democrata, o presidente eleito dos EUA já concedeu indulto ao sogo de sua filha Ivanka

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Foto de 29 de novembro de 2024 mostra o presidente dos EUA, Joe Biden, e seu filho Hunter Biden saindo de uma livraria - Mandel NGAN / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou no domingo (1) um indulto oficial para o filho Hunter Biden, que enfrenta sentenças em dois casos criminais relacionados à evasão fiscal e à compra de uma arma de fogo. Por meio de comunicado, Biden classificou as ações contra seu filho como "desvio judicial". 

"Nenhuma pessoa razoável que analise os fatos dos casos de Hunter pode chegar a qualquer outra conclusão além de que ele foi alvo apenas porque é meu filho — e isso está errado", diz o texto.

Hunter Biden foi condenado no início deste ano por mentir sobre seu uso de drogas ao comprar uma arma, o que é considerado um crime nos Estados Unidos, e também se declarou culpado em um julgamento separado de fraude fiscal. 

O perdão foi emitido após Biden ter afirmado repetidamente que não interferiria nos problemas legais de seu filho, de 54 anos. "Eu disse que não interferiria nas decisões do Departamento de Justiça e cumpri minha palavra, mesmo enquanto assistia ao meu filho sendo processado de forma seletiva e injusta", afirmou o presidente democrata no comunicado. 

"As acusações nos casos dele surgiram apenas depois que vários dos meus oponentes políticos no Congresso as instigaram para me atacar e se opor à minha eleição", acrescentou. 

"Eu acredito no sistema de justiça, mas, enquanto luto com essa questão, também acredito que a política crua infectou esse processo e levou a um desvio judicial." 

Em um comunicado enviado à imprensa americana, Hunter Biden, que lutou contra a dependência em drogas, afirmou que dedicará a vida que "reconstruiu" para ajudar aqueles que "ainda estão doentes e sofrendo". 

Trump também distribuiu perdões

O presidente eleito, Donald Trump, classificou a decisão de Biden como um "abuso da justiça" e questionou se o perdão também incluiria os presos acusados pela invasão ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021. Durante seu mandato anterior, porém, o republicano concedeu o perdão presidencial ao sogro de sua filha Ivanka Trump, Charles Kushner, pai de Jared Kushner.

Trump também concedeu perdão a aliados políticos, caso do estrategista de seu governo Steve Bannon. Bannon foi indiciado e preso em agosto de 2020, acusado de desviar dinheiro de uma campanha de apoio à construção de um muro na fronteira com o México e aguardava o julgamento em liberdade após pagar fiança de US$ 5 milhões (R$ 30 milhões) quando foi perdoado por Trump em janeiro de 2021, horas antes do republicano entegar o cargo. 

Bannon foi declarado culpado de desacato em julho de 2022 por desobedecer uma convocação para depor no Congresso ao comitê que investigou o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio por parte de apoiadores de Trump.

Um dos autores intelectuais da campanha presidencial de Trump em 2016, Bannon foi condenado a quatro meses de prisão em outubro de 2022, mas permaneceu em liberdade enquanto recorria. 

Em janeiro de 2023, Bannon e outros nomes influentes nos Estados Unidos comemoraram a invasão do Congresso Nancional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio da Alvorada por bolsonaristas insatisfeitos com os resultados das eleições. O ex-estrategista de Trump chegou a ser preso por decisão da Justiça Federal este ano, mas acabou solto uma semana antes das eleições.

*Com AFP

Edição: Leandro Melito