Mobilização

Milhares de trabalhadores da Volkswagen fazem greve contra demissões e cortes na Alemanha

Na última semana conselho da empresa anunciou fechamento de três fabricas e demissão massiva de trabalhadores

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Funcionários da montadora alemã Volkswagen (VW) se manifestam do lado de fora da fábrica de carros em Wolfsburg, Alemanha, em 2 de dezembro de 2024 - Julian Stratenschulte / POOL / AFP

Dezenas de milhares de trabalhadores da empresa automobilística Volkswagen entraram em greve nesta segunda-feira (2) na Alemanha após a empresa anunciar demissões em massa e fechamento de fábricas no país. 

Na última segunda (28), o conselho do principal grupo automotivo europeu anunciou que planeja fechar pelo menos três fábricas na Alemanha e cortar "milhares" de empregos. O plano, apresentado pela direção, inclui uma redução salarial de 10% para todos os colaboradores e a transferência de várias atividades do grupo da Alemanha para o exterior.

O IG Metall e o conselho de trabalhadores têm lutado para proteger os empregos desde que a VW anunciou, em setembro, que estava avaliando a medida sem precedentes de fechar algumas fábricas na Alemanha, onde tem cerca de 120 mil funcionários. A empresa rejeitou na última semana a proposta do sindicato para proteger os empregos, o que desencadeou a mobilização grevista.

Agitando cartazes com os dizeres “Vocês querem guerra, nós estamos prontos!” e as bandeiras vermelhas do sindicato, os funcionários de fábricas em todo o país saíram em greve desde a manhã desta segunda com a adesão de cerca de 66 mil funcionários, de acordo com o IG Metall. As paralisações devem se estender até as primeiras horas da manhã de terça-feira (3), já que alguns trabalhadores do turno da noite estão sem ferramentas. 

Milhares de trabalhadores marcharam ao lado de uma fila de novos carros elétricos saindo da fábrica de Zwickau como parte da mobilização. Paralisações também foram observadas em fábricas de Hanover e até na sede histórica da empresa em Wolfsburg. 

“O fato de que aqueles que estão no topo cometem os erros e nós temos que pagar o preço me irrita”, disse à AFP o trabalhador grevista Michael Wendt, usando um lenço com as cores do sindicato.

Ao som de multidões que aplaudiam, buzinas e tambores, a chefe do conselho de trabalhadores Daniela Cavallo disse em uma manifestação que os chefes da VW estavam tentando “vender a Alemanha como um local industrial” e privar os funcionários de seus direitos e anunciou que os trabalhadores estão unidos e tem “enorme resistência” para lutar em uma disputa prolongada. 

O negociador do sindicato Thorsten Groeger advertiu que as greves podem se transformar na “disputa salarial mais difícil que a Volkswagen já viu”. Ele acusou a empresa de ter "incendiado" acordos coletivos de trabalho e afirmou que a diretoria da Volks está “jogando tambores de gasolina abertos”. “O que se segue agora é o conflito que a Volkswagen provocou. Nós não o queríamos, mas o conduziremos com toda a dedicação necessária.” 

O grupo VW - proprietário de 10 marcas, desde Audi e Porsche até Skoda e Seat - disse que “respeita os direitos dos trabalhadores” e acredita no “diálogo construtivo” em uma tentativa de alcançar “uma solução duradoura que seja apoiada coletivamente”. 

A empresa também disse que havia tomado “medidas para garantir entregas urgentes” durante a greve. 

*Com AFP

Edição: Leandro Melito