A Justiça de Pernambuco decretou a prisão preventiva do policial militar Venilson Cândido da Silva, que matou a tiros o mototaxista Thiago Fernandes Bezerra, de 23 anos, em Camaragibe, no Grande Recife (PE), no último domingo (1º).
O juiz José Carlos Vasconcelos Filho, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), escreveu em sua decisão em que “há notória periculosidade no modo de agir” do policial militar, o que demanda a prisão preventiva. Vasconcelos Filho ainda disse que “a periculosidade social do autuado é perfeitamente verificada pelos atos inconsequentes, violentos e ameaçadores, no contexto do delito”.
O agente teria atirado contra Thiago após o mototaxista cobrar uma corrida de R$ 7. Uma câmera de segurança da rua Barão de São Francisco, no bairro Alberto Maia, onde ocorreu o assassinato, mostra Venilson descendo da moto e discutindo com Thiago. Logo em seguida, o policial saca a arma, atira contra o mototaxista e sai andando normalmente.
Ele teria tentado fugir, mas foi abordado por moradores da cidade na avenida Belmino Correia que o espancaram. Segundo o juiz, depois de matar o jovem, o policial “foi perseguido e preso dentro de um coletivo portando a arma de fogo com a qual praticou o homicídio”.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores, Empregados e Autônomos de Moto e Bicicleta por Aplicativo do Estado de Pernambuco (Seambape), a corrida realizada por Thiago custou R$ 6,98, como informou em nota publicada no Instagram.
A mãe da vítima, Otacília Fernandes, pediu que a justiça seja feita ao chegar para o velório do filho, na tarde desta segunda-feira (2). "Arrancaram o meu coração. Quero que a justiça seja feita. Tiraram a vida do meu filho, ele estava trabalhando. A minha vida acabou. Ninguém tem noção do que estou passando", disse. "Meu filho tinha 23 anos. Ele era trabalhador, não fazia mal a ninguém. Meu coração está sangrando. Que a justiça seja feita. Meu filho é mais um."
O pai, Sérgio Luiz, também clamou por justiça. "A gente só pede justiça. É um momento muito difícil. Esse cara precisa ser punido para não fazer isso com outras pessoas. Meu filho não teve nem chance de defesa. Foi uma covardia. Por causa de R$ 7, tiraram a vida do meu filho", disse.
"Ele era a minha luz, era meu norte, era o amor da minha vida. E me tiraram isso. Me tiraram isso a troco de nada. A troco de quê? De R$ 7? [...] Hoje eu perdi meu marido. A gente tinha o sonho de ter filhos, de se casar. A gente tinha sonhos de viajar o mundo. Isso tudo foi interrompido", afirmou a viúva do motociclista, Déborah Lopes.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco informou que irá instaurar um processo administrativo contra Venilson, que poderá resultar na expulsão do policial da PM. Paralelamente, o caso está sendo investigado pela 10ª Delegacia de Polícia de Homicídios. O agente está detido no Centro de Reeducação da Polícia Militar de Pernambuco (Creed), em Abreu e Lima, no Grande Recife.
Edição: Martina Medina