Caribe

Apagões em Cuba são legado da última gestão de Donald Trump nos EUA, diz dirigente da Alba

Eleito para um novo mandato, político republicano endureceu as medidas econômicas contra o governo cubano

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Pessoas caminham pelas ruas de Havana - YAMIL LAGE / AFP

A capital de Cuba amanheceu nesta quarta-feira (4) com um novo apagão geral do sistema elétrico, o terceiro que atinge a população da ilha em um período de quase dois meses. O correspondente do Brasil de Fato em Havana, Gabriel Vera Lopes, descreve que, apesar do aparente clima de normalidade, as escolas e o setor estatal amanheceram fechados nesta quarta.

"É possível ver pequenos negócios e vendedores ambulantes como se fosse um dia normal. No entanto, quando você conversa com as pessoas percebe o quanto elas estão cansadas", diz Gabriel Vera Lopes.

Roque Lazo, da Secretaria Operacional da Articulação Continental de Movimentos Sociais (Alba), acusa o governo anterior do republicano Donald Trump (2017-2021) como o principal responsável pela situação que está sendo enfrentada neste momento pela população cubana.

Por quatro anos, o governo do republicano, agora reeleito, adotou uma série de medidas de "pressão máxima" contra Cuba, que incluem a tentativa de impedir a chegada de combustíveis ao país, que afeta diretamente o setor elétrico.

"Particularmente a partir de 2018 e principalmente em 2019 e já em 2020, em meio à pandemia, ele tentou por todos os meios impedir a chegada de combustível a Cuba, sancionando ilegalmente os navios que transportam petróleo para Cuba, porque ele não tinha direito de fazê-lo. Ao mesmo tempo, o efeito das sanções sobre a Venezuela, que é um dos principais fornecedores de combustível para Cuba, também tiveram impacto."

A falta de energia tem sido uma constante e, desde o primeiro apagão nacional em 18 de outubro, a situação ficou ainda pior, agravada pelos furacões que atingiram o país, o que atrapalha a vida cotidiana da população, "especialmente entre os mais jovens", destaca o correspondente do Brasil de Fato.

"Quando se fala com eles você percebe uma situação de cansaço, mas também de raiva com a situação. Vamos ter que analisar como avança essa raiva e cansaço. Ainda está bem cedo, [o apagão] acontecendo há algumas horas, mas se durar por vários dias, como da última vez, podemos ver situações de protesto."

"Há desesperança por parte das pessoas porque é um país que, em seis semanas, vê que entra em colapso pela terceira vez o sistema nacional de eletroenergia", avalia Roque Lazo. 

"Essa é a questão atual e é um momento de perigo. Porque é o cenário dos sonhos, o cenário projetado pelos inimigos da Revolução para provocar uma convulsão social. Um país em que as pessoas estão descontentes, legitimamente insatisfeitas com os efeitos prolongados desta crise. É um terreno fértil excepcional, sonhado para provocar algum tipo de convulsão social que porá fim à revolução."

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho