Meio ambiente

Centro Sabiá, de Pernambuco, vence prêmio da ONU por tecnologia para reuso da água no Semiárido

É o 2º ano consecutivo que Pernambuco ganha o prêmio; a Campanha Mãos Solidárias, do MST com parceiros, venceu em 2023

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Água do banho, de lavagem de roupas e pratos, estão sendo tratadas e reutilizadas no Sertão - ASACom

Nesta terça-feira (3), a organização não-governamental Centro Sabiá foi anunciada como vencedora do Prêmio Pacto contra a Fome, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). A instituição foi premiada na categoria Segurança Alimentar, por sua atuação e projetos na região do Semiárido. É o segundo ano consecutivo que Pernambuco ganha o prêmio. Em 2023, a honraria foi para a Campanha Mãos Solidárias, iniciativa do MST em parceria com outras instituições.

A iniciativa do Centro Sabiá premiada foi um projeto de reúso de águas cinzas, quando a água do banho, das pias, tanques e máquinas de lavar roupa são tratadas e reaproveitadas para fins não-potáveis. Apesar de serem águas com qualidades inferior à água da chuva, após passarem por tratamento - sempre separada da água potável - podem ser usadas para fins como irrigação da plantação, limpeza da casa e afins. O projeto do Sabiá levou essa tecnologia de tratamento e reúso para a região semiárida, que sofre com escassez hídrica.

Um dos coordenadores da instituição, Carlos Magno discursou ao receber o prêmio. “A gente utiliza toda a água que tem na casa, que já é pouca, e reutiliza. Transformamos água poluída em mais comida”, disse ele. O Sabiá implementou as tecnologias para tratar e reutilizar as águas cinzas em sistemas agroflorestais e plantações das famílias camponesas do interior nordestino. No discurso, Magno também lembrou as mais de 1,2 milhão de cisternas construídas pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), garantindo mais segurança hídrica para as famílias da região.


Sistema de reúso das águas cinzas tem contribuído com a irrigação das plantações e produção de alimentos no Semiárido / Valdirene Alves/Arquivo Pessoal

Ele também mencionou que o Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá nasce, em 1993, de uma outra instituição, o Centro Josué de Castro, dedicado à pesquisa de iniciativas de combate à fome e inspirado pelo geógrafo pernambucano que colocou a fome como problema social. “Naquele ano ocorreu uma seca muito séria em que muita gente morreu de fome. Naquele momento, o nosso objetivo era construir um sistema produtivo que fosse resiliente à seca e que produzisse mais alimentos”, lembrou. “Então nós nascemos para combater a fome”, completa. Assista abaixo.

A cerimônia de premiação aconteceu no Sesc Pinheiros, em São Paulo (SP). Receberam o prêmio em mãos a coordenadora geral do Centro Sabiá, Maria Cristina Aureliano; e o coordenador de mobilização social, Carlos Magno, recentemente entrevistado pelo Brasil de Fato Pernambuco, para o programa Trilhas do Nordeste (assista aqui). O Prêmio Pacto contra a Fome é entregue pela Coalizão Pacto contra a Fome, formada por agências da ONU voltadas para alimentação e agricultura (FAO) e de promoção da educação, ciência e cultura (Unesco).

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vinícius Sobreira